Depois de Resplendor, no Vale do Rio Doce, mais uma prefeitura mineira decidiu instituir a segunda moeda pública local do Brasil. Na próxima segunda-feira (27), Mato Verde, no Norte de Minas, oficializa a criação da Verdinha. A prefeitura pretende iniciar o pagamento de alguns benefícios sociais com a “moeda própria” logo após o lançamento, colocando volumes dessa novidade em circulação na cidade, que tem pouco mais de 12 mil habitantes.
Dados do Sebrae apontam que mais de 20 municípios em Minas já manifestaram formalmente o desejo de terem as próprias moedas em circulação. Em Resplendor, a chamada Ubérrima entrou em circulação no mês passado.
A moeda pública local tem o mesmo valor do real. No caso de Resplendor, uma Ubérrima vale um real. O lastro, ou garantia, para a emissão da moeda municipal é a moeda usada em todo o país. Assim, para cada Ubérrima em circulação no município, a prefeitura tem que guardar o equivalente em real em um fundo monetário.
Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva disse que a iniciativa tem chamado a atenção também de prefeitos de outras partes do país.
"Se não me engano, até 25 municípios já entraram em contato com o Sebrae querendo fazer o procedimento. E mais uns 30, 40 pediram informações prévias para que possam estudar o projeto. Se você somar isso aí, são mais de 50 municípios em Minas Gerais que se interessaram. Fora isso, tem mais uns 20 municípios do Brasil que viram a notícia e querem saber como é", detalha.
O objetivo do Sebrae é observar como as moedas municipais vão ser recebidas pelo comércio e os cidadãos de municípios menos populosos para, depois, caso a iniciativa seja bem-sucedida, ampliá-la para cidades maiores.
"Vamos acompanhar com muito pé no chão, para que a gente possa ir propagando essa questão da moeda pública local em outros municípios, buscando a utilização desse dinheiro com muito mais efetividade, gerando riqueza no município", projeta.
O lançamento é uma das estratégias do Sebrae para fortalecer a economia interna das cidades. A ideia é que com a adoção de uma moeda local — aceita apenas no município — e a oferta de benefícios pelos comerciantes a quem usa as cédulas como forma de pagamento, como descontos e cashback, os moradores prefiram consumir onde vivem do que ir a outras cidades.
"É uma moeda que vai circular na cidade, valorizando as pessoas da cidade e quem investe ali, quem compra com preços diferenciados e essa movimentação diferenciada tem o objetivo bem claro de que essa riqueza gerada no município fique no município e fomente ali o desenvolvimento econômico e social", o dirigente do Sebrae.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Resplendor, Wender Barbosa, disse recentemente que a Ubérrima tem sido bem aceita pelos comerciantes e moradores do município. E acredita que, além de ajudar o desenvolvimento da economia local, a moeda própria tem atraído pessoas que vivem em cidades vizinhas por causa dos descontos oferecidos na hora do câmbio.
As cidades de Conselheiro Pena e Padre Carvalho também estão em processo de criação e aprovação de moeda própria, de acordo com o Sebrae Minas.
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