Índice de inadimplência alto, somado à busca pelo sonho da casa própria, ajudam a explicar o crescimento do mercado de leilões online de imóveis no Brasil. A alternativa pode ajudar o comprador a adquirir um bem com preço até 50% menor. Mas o bom negócio pode virar dor de cabeça e uma dívida ainda maior para quem já começar o projeto com contas em atraso. O alerta é da presidente da Comissão Estadual de Direito Imobiliário da OAB Minas, Segundo Eliza Novaes.
O setor de leilões de imóveis encerrou o primeiro semestre de 2025 com um saldo de 116,6 mil negócios realizados. volume representa um aumento de 25,1% em relação ao primeiro semestre de 2024, segundo a Associação Brasileira dos Arrematantes de Imóveis (Abraim).
Com o cenário de juros altos as instituições financeiras passaram a ficar mais criteriosas para liberar crédito, o que fez com que muitas pessoas passassem a procurar, através dos leilões, uma forma de adquirir os ativos mais baratos, até porque, dentro dos leilões, existem algumas linhas de crédito que exigem menos entrada do que no mercado tradicional.
Pesquisar edital e documentação do imóvel é fundamental
“Os leilões judiciais e extrajudiciais são formas legítimas e transparentes de aquisição e podem ser uma ótima opção para adquirir um imóvel, mas o comprador precisa estar atento à leitura do edital e à análise da documentação do imóvel, que indicam possíveis dívidas, ônus e condições da venda”, alerta a especialista da OAB-MG.
Segundo ela, embora a segurança jurídica seja garantida nos pregões, o desconhecimento pode gerar riscos como assumir débitos de IPTU, condomínio ou enfrentar imóveis ocupados. Por isso, há cuidados essenciais antes de dar um lance, como analisar detalhadamente o edital e os documentos do imóvel. O primeiro traz as regras do leilão, prazos e condições, enquanto a matrícula do imóvel deve ser consultada para verificar pendências e restrições.
A advogada destaca ainda que muitos imóveis arrematados estão ocupados por antigos moradores ou terceiros e a desocupação pode exigir negociação amigável ou ação judicial de imissão na posse.
A avaliação do imóvel antes do lance é outro ponto que merece atenção. “É importante usar ferramentas virtuais, visitar o entorno e pesquisar a região. Além disso, o comprador deve definir um orçamento considerando custos adicionais como taxas, impostos, registro, eventuais reformas e despesas com desocupação”.
Leia também: