Ceia com moderação

Mesa modesta e com produtos mais baratos dará o tom nesta Sexta-Feira Santa

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
Publicado em 14/04/2022 às 06:30.
Eneias Moreira, gerente do Frigo Nº1, diz que pela primeira vez em 20 anos o frigorífico não comprou bacalhau para esta Páscoa: “Por causa do preço" (Fernando Michel)

Eneias Moreira, gerente do Frigo Nº1, diz que pela primeira vez em 20 anos o frigorífico não comprou bacalhau para esta Páscoa: “Por causa do preço" (Fernando Michel)

Às vésperas da celebração da Semana Santa – cujas datas máximas são a Sexta-feira da Paixão (15) e o Domingo de Páscoa (17) –, os preços elevados de itens típicos nos sacolões e frigoríficos  têm desafiado o bolso e a criatividade de consumidores de Belo Horizonte. As estratégias mais comuns têm sido a busca por promoções, a substituição de itens mais caros como o tradicional bacalhau por outros peixes mais em conta e a composição de uma mesa mais modesta, com uma quantidade mais comedida de produtos como legumes e verduras.

Eneias Moreira, gerente há três anos do  Frigo Nº1, frigorífico localizado na região central da capital, relata que, pela primeira vez em 20 anos de funcionamento, o estabelecimento não comprou bacalhau para esta Páscoa. “Por causa do preço, pois para comprar encontramos de R$35 a R$40, ou seja, teríamos que revender por R$60, o que não compensa. Optamos por trabalhar com peixes mais baratos e vender mais”, relata.  Segundo o gerente, os peixes mais vendidos neste período são o piratinga (R$24,99/kg), sardinha (R$9,99) e cascudo (R$21,99). “São os que os brasileiros conseguem comprar ainda”, frisa.

Neste ano, o aposentado Edison Pascoal abandonou o bacalhau e adiantou as compras da ceia há uma semana, optando por tilápia e cação para ceia de cinco pessoas. “Achei o preço mais acessível com o que eu ganho e vamos fazer um almoço simples no domingo”, diz. Para completar a receita, Edison procurava por pimentão e batata. “Super caro, comprei a quantidade necessária e escolhi as batatas miúdas”, diz.

Frederico Melo, gerente há 20 anos do sacolão Varejão, no Centro de Belo Horizonte, também se espanta com os preços das verduras e legumes neste ano. Às vésperas da Sexta-eira Santa, o quilo da batata inglesa, muito presente nas receitas da celebração religiosa, é vendido a R$9,99. “Em 2021, teve dia que chegamos a vender o quilo da batata por R$1,99 e R$2,99”, lembra, ressaltando a disparada de 234%.  Mas o vegetal não é o único vilão. “Nesta Páscoa, tudo está mais caro em relação à do ano passado”, afirma.

Outro exemplo é o quilo da cebola, que, na Páscoa passada, era vendida a R$2,99. Hoje, está R$5,99, uma alta de 100%. O quilo do tomate Andrea era comercializado a R$3,99 e, agora, a R$7,99 o dobro do preço. 

O pimentão colorido, muito utilizado no período, é outro espanto. Enquanto no mesmo período do ano passado foi vendido a R$13,99, neste ano o valor saltou para R$ 30, elevação de 114%. 
Segundo o gerente, o principal impacto da alta generalizada é a queda significativa de até 40% na compra de mercadorias. Para efeito de comparação, no ano passado, Frederico comprava 20 sacas de 50 kg de batatas por dia. Hoje, o gerente compra 30 sacas semanalmente.

A diarista Fabiana Silva não vai abrir mão de reunir a família nesta Páscoa, mas, na busca pela economia, foi comprando os itens para ceia conforme as promoções vistas em diversos sacolões. “Hoje vim comprar o quiabo, que minha avó gosta de comer com bacalhau e levei um susto, está R$14,99. Se for olhar preço, a gente nem come. Mas a pandemia afastou muito, não tem como não reunir agora que podemos”, conta.

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