“Não existe almoço grátis”. Tendo o significado do ditado popular americano na cabeça, três jovens empreendedores mineiros, em janeiro de 2012, tiveram a ideia de criar a MaxMilhas. “Tem gente que acumula milhas e deixa expirar devido à falta de conhecimento de seus benefícios”, diz Max Oliveira, 28 anos de idade, sócio e criador da MaxMilhas.
“Também há pessoas deixando de associar seus cartões a programas de milhagens”. Quem age assim paga por um benefício e não o usufrui. Bancos, gestoras de cartões de crédito e, principalmente companhias aéreas, almoçam por conta deles.
É aí que entra a empresa, uma pontocom. Por meio dela, consumidores que acumulam milhas de cartões de crédito, pontos em programas de fidelidade e de companhias aéreas são ligados a pessoas desejosas de voar a preços mais baixos.
Como se sabe, esses pontos e milhas não são grátis. O consumidor, de uma maneira ou outra, paga por eles. O negócio da MaxMilhas é proporcionar aos titulares das milhas, que não pretendem ou possam viajar e que tenham milhas a expirar em breve, a venda de seus direitos a quem precisa voar com mais urgência e por preço módico.
O portal permite encontrar tarifas de voos com grandes descontos e também a mone-tização dos pontos de cartão de crédito e milhas aéreas. Naturalmente, o almoço da MaxMilhas não sai grátis. “A taxa é de 15%, cobrada do comprador”, esclarece Max.
Mercado tem muito, pois viaja-se hoje como nunca antes neste país – por dia são emitidos mais de 270 mil bilhetes e eles sempre geram milhagem nas aéreas e pontos nos programas dos cartões de crédito.
Mas, segundo um relatório do Banco Central, só em 2010 os brasileiros deixaram de resgatar 101,3 bilhões dos 591,2 bilhões de pontos gerados nesses programas. Ou, 17% do total. De acordo com outros relatórios, como os da Smiles e Multiplus, empresas coligadas da Gol e da Tam, respectivamente, naquele ano ainda estimava-se um total de 30 bilhões de milhas a expirar nos dois anos seguintes.
Social
Não deixar esses pontos se perderem e não deixar que aéreas e bancos se apropriem deles, criando uma solução mais social, foi a motivação que deu origem à MaxMilhas. Tudo começou, em 2011, quando Max, ex-engenheiro da Vale e da Ambev, quis comprar uma passagem em oferta para seu lazer. Por problemas no servidor da internet, a conexão caiu. Quando ele acessou novamente o site da aérea, a oferta acabara e o preço, de R$ 100,00, havia passado a R$ 500,00. Fulo da vida, Max começou a conversar com amigos sobre o problema e a solução que tinha em mente. Todos acharam a ideia ótima. Daí, ele evoluiu para a abertura da empresa, feita com os parceiros Hiram Medeiros, de 29 anos, e Conrado Abreu, de 28 anos. O primeiro cuida da tecnologia; o segundo, das finanças. Os três juntaram um capital de R$ 28 mil, dos quais R$ 10 mil foram aplicados, e foram à luta.
Na MaxMilhas, o interessado em vender cadastra-se, diz de quantas milhas dispõe e o preço que deseja por elas. Quem quer viajar escolhe o dia pretendido e o destino desejado. O sistema da MaxMilhas busca os voos e compara os preços e as milhas necessárias para o trecho na data determinada nos sites das aéreas. Se, por hipótese, o trecho BH-Natal-BH, nas asas da Azul, está custando R$ 800, pode haver alguém querendo vender milhas da mesma empresa, suficientes para o trecho, por R$ 300,00.
Mercado dos EUA é a próxima aposta
Faz um ano que a MaxMilhas estreou. Nesse período, ela conquistou o reconhecimento de vários usuários. “Saí de São Paulo para tentar a vida em Recife como farmacêutica e há tempos vinha tentando ver a minha mãe. Mas as finanças sempre matavam o sonho antes de eu matar as saudades. A MaxMilhas foi um achado fenomenal!”, diz Sanasama Scarpin.
O servidor público Helder Wilhan Blaskievicz, de Ribeirão Preto, foi outro que descobriu as vantagens da MaxMilhas. “Confesso que tive receio ao vender minhas milhas em um primeiro momento. Mas vendi 40 mil milhas e recebi o dinheiro na minha conta no prazo estipulado pela empresa”, diz Helder.
No mundo corporativo, a MaxMilhas também foi reconhecida. A revista INFO a elegeu como uma das start-ups do ano de 2013. Ela foi ainda uma das 62 novas empresas selecionadas para integrar o programa Start-up Brasil. A iniciativa, do Ministério das Ciências,Tecnologia e Inovação, dá às selecionadas uma verba de R$ 200 mil para contratação de pessoas, além da oportunidade de participar de um programa de aceleração. Ou seja, aposta no sucesso delas. “As aceleradoras dão consultoria, ajudam a crescer. Este é um mercado ainda muito novo, mas percebemos que, com este suporte, podemos até nos expandir fora do país. Aliás, estamos conversando com investidores tendo em vista o mercado dos EUA”, diz Max, cuja expectativa é a de chegar ao final de 2014 com uma receita mensal de R$ 250 mil, 5 vezes maior do que a dos primeiros meses.