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Paulo Guedes nega que Brasil tenha 33 milhões de pessoas passando fome

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
21/09/2022 às 17:31.
Atualizado em 21/09/2022 às 19:14
 (Fenabrave/Divulgação)

(Fenabrave/Divulgação)

Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, a afirmação de que existem 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil não passa de um discurso político da esquerda. De acordo com os argumentos do ministro, com o aumento do orçamento destinado ao Auxílio Brasil - “quase três vezes mais”, disse Guedes - é impossível que tenha brasileiros passando fome.

As declarações do ministro foram dadas nesta quarta-feira (21), durante congresso da Fenabrave, federação que representa os distribuidores e revendas de veículos.

Ele questionava dados apresentados no 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

Segundo o documento, no 1º semestre de 2022 o Brasil tinha cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020 pela entidade.

“A narrativa política é de barulho:'33 milhões de pessoas passando fome'... É mentira, é falso, não são esses os números”, disse o ministro. “É impossível ter 33 milhões de pessoas passando fome. Por mais que tenha havido inflação, não foi três vezes mais. O poder de compra está mais do que preservado por essa nova transferência de renda”, avaliou.

Além da Rede Penssan, um relatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV), lançado em junho, também mostrou o aumento da fome nos últimos anos e indicou que aproximadamente 75% da população pobre do país está ou esteve passando fome nos últimos 12 meses. A ONU também voltou a incluir o Brasil entre os países afetados pela fome, no Relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”.

Inflação no governo Bolsonaro

De acordo com o IBGE, desde que Bolsonaro assumiu houve um acúmulo de aproximadamente 25% no IPCA, índice utilizado para medir a inflação oficial do país. Apenas em 2022, os preços acumulam alta de 8,73% e pesam em alguns alimentos muito consumidos pela população mais pobre.

Em Belo Horizonte, por exemplo, os produtos da cesta básica tiveram um aumento de 57,4% desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu, em janeiro de 2019, segundo dados do Dieese. 

Em termos práticos, para alguém que recebe salário mínimo, em 2019 era possível comprar quase duas cestas básicas e meia (2,4 cestas), enquanto em 2022 o salário mínimo não paga nem duas cestas básicas completas (1,8 cesta).

O discurso de Paulo Guedes coincide com o adotado pelo próprio presidente Bolsonaro, que disse em entrevistas que não existem milhões de pessoas passando fome no Brasil e atribui a informação a disputas políticas.

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