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Pequenos negócios geraram 8 de cada 10 vagas de trabalho em Minas em 2021

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
08/02/2022 às 06:30.
Atualizado em 08/02/2022 às 14:19
MAIS VAGAS – Com o avanço da vacinação, o movimento aumentou e permitiu à padaria Santo Pão, em BH, ampliar a equipe (Maurício Vieira)

MAIS VAGAS – Com o avanço da vacinação, o movimento aumentou e permitiu à padaria Santo Pão, em BH, ampliar a equipe (Maurício Vieira)

As micro e pequenas empresas (MPE) confirmaram mais uma vez, em 2021, o histórico de segmento que mais emprega, ao encerrar o ano como responsáveis por oito a cada dez novos vagas criadas em Minas Gerais. No total, os pequenos negócios geraram 232.942 dos 294.720 postos de trabalho criados em Minas ao longo de 2021. Para efeito de comparação, as contratações das médias e grandes empresas (MGE) fecharam o ano em 61.778 empregos, número quatro vezes menor que os pequenos negócios. Os dados são do Sebrae Minas, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.

Os números dizem respeito ao segundo ano da pandemia, marcado pela retomada das atividades comerciais não-essenciais e pelo avanço da vacinação contra Covid-19, em comparação a 2020, período considerado perdido para diversos segmentos da economia.

Reação

De acordo com a analista da unidade de inteligência do Sebrae Minas Gabriela Martinez, as pequenas empresas, caracterizadas por terem até 49 funcionários, reagem rapidamente tanto aos efeitos negativos das crises econômicas quanto aos primeiros sinais de recuperação. “Elas representam 99% das empresas do Estado e respondem pela maior fatia de geração de empregos. São empresas muito dinâmicas. São elas que demitem primeiro porque não há caixa preparado para períodos longos. Ao mesmo tempo, são as primeiras a contratarem quando as atividades retomam”, diz. 

Movimento de volta

Foi o caso da comerciante Cláudia Domingos, proprietária da Padaria Santo Pão, no Calafate, região Oeste de Belo Horizonte. Desde que as atividades comerciais retomaram com maior força, no segundo semestre de 2021, o movimento no local subiu 30%.

O aumento fez com que a empresária abrisse uma nova unidade no bairro e contratasse oito funcionários entre dezembro passado e janeiro. “Com mais pessoas andando nas ruas, temos atendidos não só público residencial do bairro, mas também pessoas que têm saído para trabalhar”, diz. A empresária estima que, nos dias comerciais, cerca de 150 clientes a mais frequentam a padaria.

Desempregada desde o início da pandemia, Gleise Souza conseguiu um novo trabalho como atendente na padaria em dezembro. “Perdi as contas de quantos currículos entreguei em supermercados, lanchonetes e padarias. Só deu certo quando passei aqui na rua, vi o anúncio e trouxe meu currículo”, relata. 

Em fase de teste para contratação no local, a atendente Silvia Gomes afirma sentir alívio após procurar por um emprego há dois anos. “Trabalhei 10 meses em um bar no Edifício Arcângelo Maletta, mas, logo em março de 2020, fui dispensada e fiquei sem emprego por dois anos. Estava muito difícil conseguir qualquer vaga”, relata.

Ranking

 O segmento de construção de edifícios, que abriu 93, 4 mil postos de trabalho, foi nacionalmente o setor das micro e pequenas empresas que mais empregou no ano passado. Em seguida, vieram os restaurantes, com 57,5 mil postos. “O bom desempenho dos restaurantes mostra como foram importantes políticas públicas criadas para a preservação do setor e para o incentivo ao emprego. No início da pandemia, eles foram forçados, em sua grande maioria, a fechar as portas e esses dados já demonstram um sinal de recuperação”, observa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Já entre as médias e grandes empresas, as dez primeiras atividades que mais geraram empregos responderam por 188,6 mil vagas. Em primeiro lugar ficou o setor de atendimento hospitalar, que abriu 39,6 mil postos de trabalho, seguido pelo segmento de limpeza em prédios e em domicílios (28,1 mil).

Na comparação entre o resultado acumulado entre os anos de 2020 e 2021, as micro e pequenas empresas criaram, nacionalmente, quase 38 vezes mais postos de trabalho no ano passado. No primeiro ano da pandemia, o Brasil teve um saldo total negativo de -191.455 contratações, apesar das micro e pequenas empresas terem apresentado um saldo positivo de mais de 56 mil empregos.

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