Ipec

Pesquisa revela que, nos últimos 12 meses, 45% dos brasileiros precisaram fazer bicos

Agência Brasil
10/08/2022 às 20:06.
Atualizado em 10/08/2022 às 20:13

Muitos brasileiros com 16 anos ou mais precisaram fazer atividades extras nos últimos 12 meses para complementar a renda. A necessidade de realização de bicos foi relatada por 45% dos entrevistados em uma pesquisa conduzida pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), empresa fundada por executivos que respondiam pelo extinto Ibope Inteligência.

O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (10), foi encomendado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), uma ONG que desenvolve iniciativas com foco no combate às desigualdades, na promoção dos direitos humanos, na participação social e na defesa do meio ambiente.

A pesquisa foi planejada para entender a percepção da população sobre questões sociais, raciais, de gênero e de orientação sexual. Ela foi realizada entre 1º e 5 de abril, com duas mil pessoas em 128 municípios brasileiros.

A maior parte dos bicos relatados está relacionada a serviços: 33% dos entrevistados citaram ter complementado a renda com serviços de manutenção, beleza, segurança, motorista, entregas por aplicativos ou ainda com trabalhos domésticos de faxina, babá, aulas particulares e cuidados com idosos e animais. Outros 28% informaram que levantaram recursos extras vendendo mercadorias, incluindo alimentos preparados em casa, objetos artesanais, roupas e artigos usados, cosméticos e produtos de beleza ou outros, voltados para o comércio ambulante.

Alguns entrevistados relataram obter renda adicional com mais de uma dessas atividades. A pesquisa mostrou ainda que a necessidade de realização de bicos é mais frequente em famílias com renda de até um salário mínimo.

O levantamento também revela que 34% dos entrevistados consideram que, nos últimos 12 meses, aumentou a população em situação de rua e 29% dizem ter visto mais indivíduos trabalhando nas ruas. Além disso, 74% avaliam que houve crescimento do número de pessoas em situação de fome e pobreza. Esse índice é maior nas capitais, chegando a 85%, e cai para 57% em cidades menores, com até 50 mil habitantes.

Segundo nota divulgada pela ONG ICS, os resultados da pesquisa apontam para um quadro preocupante em relação à ODS 10, que fixa 10 metas para redução das desigualdades dentro dos países e também entre eles. "Os dados revelam que a maioria expressiva da população brasileira consegue perceber o aumento da pobreza no país, além de observar uma grande vulnerabilidade em relação às minorias sociais, como negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+", diz a entidade.

Preconceitos
A pesquisa buscou identificar a percepção da população sobre diversos tipos de preconceito. Entre os entrevistados, 74% apontam que existem locais em que brancos e negros são atendidos de formas diferentes. Essa situação foi associada principalmente a shoppings e estabelecimentos comerciais, além de escolas, universidades e ambientes de trabalho. Episódios de preconceito racial em algum desses espaços foram relatados por mais de 35% dos entrevistados.

No Sudeste, chega a 45% a parcela das pessoas que consideram existir esse tipo de situação envolvendo shoppings. No Nordeste, chamam a atenção hospitais e postos de saúde, citados por 27% dos entrevistados, bem acima da média nacional (19%) para esses locais.

Entre as mulheres, 47% afirmaram que já enfrentaram algum tipo de assédio: 29% relataram ter ocorrido em espaço público, 27% no transporte público e 23% em bares ou restaurantes. Esses percentuais atingem recordes na região Sudeste, chegando respectivamente a 37%, 35% e 27%.

Além disso, 58% das pessoas ouvidas pelo Ipec afirmaram que já sofreram ou viram alguém sofrer discriminação em função da identidade de gênero ou orientação sexual. Novamente, os espaços públicos se destacam como locais em que esses episódios acontecem com mais frequência, sendo citados por 30% do entrevistados.

Inclusão digital
Dados associados à desigualdade na inclusão digital também estão presentes no levantamento. A pesquisa sugere uma população bem dividida em relação ao uso de serviços on-line. Para 49%, não houve necessidade de recorrer à tecnologia para esse fim nos últimos 12 meses.

Outros 51% alegaram precisar realizar serviços on-line nesse mesmo período, sendo que 40% conseguiram e 11% não tiveram sucesso por falta de acesso a computador e à internet ou por outros motivos. Foram consideradas demandas de acesso à internet situações como obtenção ou consulta de benefícios sociais, participação em aulas remotas e atendimento médico.

A necessidade de usar serviços pela internet foi maior entre brasileiros de 16 a 44 anos com renda familiar superior a dois salários mínimos e que moram em capitais ou em cidades com mais de 500 mil habitantes. O percentual também cresceu conforme o nível de escolaridade.

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