Petroleiros da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, resolveram aderir à greve nacional da categoria. Em todo o Brasil, mais de sete mil funcionários da Petrobrás estão de braços cruzados desde a madrugada deste sábado (1), contra cortes e demissões na petrolífera.
Trabalhadores de dez estados participam da greve, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP). O número representa cerca de 12% dos 55 mil empregados da Petrobrás. Não há ainda um balanço de quantos servidores de Minas Gerais estão com o movimento. A mobilização atinge 15 unidades da empresa e subsidiárias, como a Transpetro, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e a Refinaria do Nordeste (RNEST).
Os grevistas querem que as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), previstas para começarem no dia 14 sejam revistas. Segundo Felipe Pinheiro, diretor de comunicação do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, os cortes afetarão mais de mil famílias e fazem parte de um processo de privatização.
“(O corte no Paraná) Está no bojo do processo de privatização da Petrobras. Inclusive aqui, em Betim, na Regap, já está havendo uma adesão (á greve). Desde sexta-feira (31), a adesão é praticamente completa”, afirmou. O fechamento da Fafen foi anunciado no dia 14 de janeiro.
A greve é por tempo indeterminado e foi aprovada pelos 13 sindicatos estaduais filiados à FUP. Além da revisão das demissões, o movimento reivindica que haja um processo de negociação com a Petrobrás e que o Acordo Coletivo de Trabalho, que segundo eles vem sendo descumprido, volte a ser respeitado.
A Petrobras diz estar trabalhando para manter a normalidade do sistema de abastecimento de combustíveis e energia no Brasil. Em nota, afirmou que “as providências necessárias para garantir a continuidade da produção de petróleo e gás e o processamento em suas refinarias, bem como o abastecimento do mercado de derivados e as condições de segurança dos trabalhadores e das instalações.”
Gerson Castelano, diretor nacional da FUP disse que os petroleiros estão cercados de cuidados legais para evitar que o movimento seja considerado ilegal. Ele também diz que a categoria se manifesta contra a tabela de turnos ininterruptos que a empresa colocou em vigor não só na Regap, mas em todo o Brasil.
“(Pelo sistema antigo, os trabalhadores) sabem quando vão trabalhar, quando vão folgar e criam sua rotina de vida com base nessa tabela”. A nova tabela de turnos ininterruptos entrou em vigor neste sábado (1). “(Apesar da greve) os petroleiros irão garantir o abastecimento da população durante todo o movimento grevista”, completou Castelano.
Para a Petrobras, a greve é "descabida", “pois as justificativas são infundadas e não preenchem os requisitos legais para o exercício do direito de greve”. "Os compromissos pactuados entre as partes vêm sendo integralmente cumpridos pela Petrobras em todos os temas destacados pelos sindicatos”, diz nota enviada pela empresa.