Grande BH Cervejeira

Polo de produção das artesanais em BH vai dobrar de tamanho até meados de 2023

Janaína Fonseca
jmaria@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/09/2022 às 07:00.
Minas tem um mercado muito promissor, principalmente por ter um diferencial: a criatividade na elaboração das cervejas, segundo Marco Falcone, da Falke Bier (Maurício Vieira)
Minas tem um mercado muito promissor, principalmente por ter um diferencial: a criatividade na elaboração das cervejas, segundo Marco Falcone, da Falke Bier (Maurício Vieira)

Considerada uma paixão nacional, a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no país. E o mercado cervejeiro não para de crescer, principalmente o de produtos artesanais. No ano passado, apesar da pandemia, a expansão de empreendimentos chegou a 12%, com 200 novas cervejarias no Brasil. 

Minas, que ocupa o quarto lugar em número de estabelecimentos produtores - são 189 , 11 a mais que em 2020 -, vai dar novo impulso ao setor, com o aumento do polo em Belo Horizonte e região metropolitana. A previsão é a de que 35 novas indústrias sejam abertas até meados de 2023, mais que dobrando a quantidade existente hoje: são 30 já registradas.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), Marco Falcone, o mercado local é muito promissor e apresenta um forte diferencial em relação aos outros estados.

"Minas é a base mais criativa da cerveja artesanal do Brasil. O nosso foco é a qualidade e não a quantidade", ressalta Falcone. O Estado é o quarto em volume produzido - 4 milhões de litros por mês -, sendo que 3 milhões são fabricados no polo de BH. Volume que deve chegar a 5 milhões de litros por mês com a instalação das novas plantas.

Além da capital, Betim, Contagem e Mateus Leme receberão novas unidades produtoras da bebida que tem a cara do verão e do happy hour. E a preferência do brasileiro pela "loira gelada" está expressa em números. Segundo o Anuário da Cerveja de 2021, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na última quarta-feira, o país possui uma cervejaria para cada 137.713 habitantes, uma densidade considerada expressiva e que mostra a força desse mercado.

Além disso, o levantamento mostra que o consumo de cervejas estrangeiras vem caindo ano a ano, dando espaço para as marcas nacionais, acima de tudo, as artesanais. Em 2021, foram vendidos 14,3 bilhões de litros da bebida. 

Diferenciada
Mais do que o aumento no número de produtores, Falcone destaca que o grande trunfo das cervejarias mineiras é a criatividade. Ela pode ser comparada à riqueza da gastronomia mineira. "São tipos, estilos, mérito técnico e matérias-primas de alta qualidade e diferentes. É uma cerveja com estilo mais difícil, mais elaborada", garante.

O que também leva a uma diferenciação do preço e, consequentemente, maior faturamento. Colocando um preço médio de R$ 10, os 4 milhões de litros produzidos por mês vão gerar R$ 40 milhões em faturamento. "É um setor extremamente lucrativo, apesar da total falta de apoio público", ressalta Falcone.

Segundo ele, o produto é tributado sobre o preço de venda ao consumidor final, o que gera um grande peso tributário para o produtor. Mesmo assim, é um setor que gera renda e riqueza. O número de empregos, ele aponta, é muito maior que da indústria de cerveja tradicional.

Amigas do Rei
Uma das novas cervejarias a se instalar na Grande BH e que vai ajudar a incrementar ainda mais esse polo de produção é a Amigas do Rei, comandada por Carolina Campos e Raquel Picinin Velloso - que é também a mestre cervejeira. Após três anos produzindo a artesanal no Condomínio Pasárgada, em Nova Lima, elas decidiram construir uma fábrica maior no Jardim Canadá e profissionalizar, de vez, a produção. Na bagagem, a experiência e know how já adquiridos e as "brejas" desenvolvidas nos últimos anos.

A expectativa é a de que a nova planta seja aberta após o Carnaval de 2023 e comece com uma produção de 4 mil a 5 mil litros por mês. No cardápio, a Brut IPA pioneira da marca - a "Pasárgada"; a "Bagdá" (American Pale), "Babilônia" (Stout) e algumas diferenciadas, como a "Sorte" (Larger Mel - feita com mel orgânico) e a "Viva la Vida" (Sour Açaí).

O mercado da Amigas do Rei são restaurantes, bares e eventos. Mas, com a experiência de Carolina como turismóloga, as cervejas da marca devem chegar a Tiradentes, Lavras Novas e Serra do Cipó.

O desafio de abrir uma fábrica maior, segundo Carolina, foi alimentado pela paixão em produzir a bebida e pelas orientações de Marco Falcone. "Ele nos fez encontrar a preciosidade no que é fazer a cerveja", diz a empresária.

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