Poucas horas após autorização para reajuste, medicamento pesa mais no bolso do consumidor

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
05/04/2013 às 06:32.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:33

Poucas horas após a publicação na última quinta-feira (4), no Diário Oficial da União, da resolução que permite aumento de até 6,31% no preço dos medicamentos, as grandes redes de farmácias já praticavam os novos valores em alguns produtos. As menores, que precisam fazer o reajuste manualmente, aguardam o catálogo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma) para fazer as alterações, mas garantem que a alta será feita imediatamente após o recebimento da lista.

No catálogo, estão descritos os preços máximos que podem ser cobrados pelos medicamentos, conforme explica o proprietário da Droganobel, farmácia localizada no Santa Efigênia. “O catálogo chega mensalmente. Assim que chegar, vamos ajustar”, diz.

Nas drogarias maiores, a intenção é que a alta seja gradativa. Na Pague Menos, alguns medicamentos já receberam o aumento. No entanto, de acordo com o supervisor da unidade do bairro Santa Efigênia, Euler Patrick, produtos como o Paracetamol, muito utilizado devido à epidemia de dengue, ainda estão com o preço antigo. “O valor máximo que podemos cobrar do consumidor é R$ 8,68. Porém, fixamos em R$ 6,51, por enquanto, com o objetivo de atrair o cliente”, afirma.

Na contramão, o Roxflan, usado para controlar a pressão, já sofreu reajuste. Na farmácia, ele sai por R$ 10,30, alta de 3% na comparação com os R$ 10 cobrados antes da alta. “Poderíamos cobrar R$ 13,66. Repassamos menos a alta”, comenta.

A estratégia da Drogaria Araújo, na avenida Brasil, é a mesma. No estabelecimento, alguns dos medicamentos de venda livre (aqueles que não precisam de receita para serem comprados) continuam com o preço antigo. Entre eles, polivitamínicos.


Idosos

O reajuste dos medicamentos tem impacto maior para os idosos. Eles destinam entre 20% e 40% da renda para a compra de remédios, segundo o presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Minas Gerais (Sinap-MG), Adilson Rodrigues. “O aumento é intragável”, critica.

Rodrigues lembra que os aposentados que recebem mais de um salário mínimo tiveram reajuste de 6,2% neste ano. “O salário do aposentado cresceu menos do que o índice de reajuste de remédio, produto do qual nós somos dependentes”, compara.

O aposentado Alair Chagas faz coro às críticas feitas por Rodrigues. Por mês, ele destina 25% da renda à compra de remédios. O gasto poderia ser ainda maior. “Retiro uma parte deles na Farmácia Popular (programa do governo de distribuição gratuita de remédios) e ainda faço exercícios para controlar a pressão”.

A aposentada Maria Laís Silva também reclama. “Não posso comprar o remédio e estocar. Afinal, se o tratamento mudar, eu perco o dinheiro. Dessa forma, viro refém dos aumentos”, lamenta.

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