Preço da energia sobe 49% no mercado spot brasileiro

Bruno Porto - Hoje em Dia
Publicado em 06/07/2014 às 07:55.Atualizado em 18/11/2021 às 03:16.
 (Carlos Rhienck/Hoje em Dia/Arquivo)
(Carlos Rhienck/Hoje em Dia/Arquivo)
O preço da energia no mercado à vista (spot), comprada por distribuidoras e grandes consumidores, deu um salto de 49% entre a primeira e a segunda semana de julho. O Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) médio, praticado nesse mercado, foi fixado para a região Sudeste/Centro-Oeste, para o período de 5 a 11 de julho, em R$ 547,79, contra R$ 368,29 da semana anterior, informou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). 
 
“O valor será deste para cima enquanto não ocorrerem mudanças importantes nos reservatórios”, analisa o diretor da CMU Comercializadora, Walter Luiz de Oliveira Fróes. Segundo a CCEE, o PLD aumentou em todas as regiões, e a oscilação foi motivada no Sudeste pela redução da previsão de chuvas e dos níveis de armazenamento. Segundo Walter Fróes, estranho foi o comportamento do PLD antes da confirmação dessa última alta, quando a trajetória era de queda.
 
“Não consigo enxergar as razões (para a queda que vinha ocorrendo). Só choveu no Sul do país, onde a capacidade de armazenamento é baixa. Interessante é que a queda foi apontada pelo New Wave, modelo oficial de cálculo, mas o governo manteve todas as térmicas ligadas. Talvez haja alguma desconfiança com esse modelo”, disse. 
 
Fróes lembrou que os principais reservatórios, como Furnas e Três Marias, estão em situação complicada, e que não chove na cabeceira dos rios mais importantes, como Rio Grande e Paranaíba. “Se isso não mudar, a lógica é que o PLD fique no patamar atual ou mais alto, apesar de o recente leilão de energia ter amenizado o estrago”, afirma.
 
Em abril, o leilão A-0, para entrega imediata, comercializou 2.046 megawatts médios, com preço médio de R$ 268,33 por megawatt/hora (MWh). O preço foi quase o dobro do valor da energia nos leilões anteriores, o que motivou as geradoras que estavam descontratadas no longo prazo e só fornecendo no mercado à vista, onde a cotação é maior, a vender. No caso do leilão, o contrato era para fornecimento de energia durante cinco anos. 
 
“No leilão anterior, o governo colocou o teto de preço de R$ 100 com o mercado pagando R$ 300, por isso não teve êxito. Agora, no último leilão, com o preço sendo o dobro do mercado, e um custo marginal médio de produção em torno de R$ 120, e para um contrato grande, passou a ser interessante. No entanto, não foi suficiente, e as distribuidoras ainda estão descontratadas, em um nível ainda desconhecido”, observou Fróes.
 
Segundo ele, com as distribuidoras pagando muito caro, vai chegar o momento desse custo ser repassado, e a conta vai chegar para o consumidor cativo.
 
Analistas estão menos otimistas com o Sul do país
 
Na região Sul, a alta do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), praticado no mercado à vista, foi de 2.183%, passando de R$ 15,62 para R$ 356,66, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que creditou a oscilação ao aumento da vazão. “Apesar das condições favoráveis de armazenamento no Sul no início da segunda semana de julho, proporcionadas pelas vazões cerca de cinco vezes a média histórica para o período na região, a expectativa de afluências para região em julho está menos otimista em função da atenuação das frentes frias”, informou a CCEE.
 
O arrefecimento da frente fria deve reduzir consideravelmente as vazões das próximas semanas, embora ainda permaneçam acima da Média de Longo Termo – MLT. Nesse cenário ainda será possível o envio máximo de energia do Sul para o Sudeste, limitado pela capacidade de intercâmbio elétrico de uma região para a outra. A queda na intensidade das frentes frias deverá impactar também a região Sudeste, provocando redução nas afluências nesse submercado.
 
Em função da queda da temperatura esperada para a semana que vem, na região Sul há a expectativa de um pequeno aumento do consumo de energia – quando comparada com a expectativa da semana passada – por conta do aumento no uso de aquecedores. 
 
Nas outras regiões, conforme a CCEE, prevaleceu o comportamento de queda do consumo de energia motivado pela realização da Copa e feriados em dias de jogos em algumas das cidades-sede.
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