Produção de carne artificial é opção às limitações do campo

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
25/08/2013 às 08:26.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:17

Se três décadas atrás comer uma carne sintética, produzida em laboratório, parecia uma ideia absurda, nos próximos 30 anos, a produção artificial de proteínas poderá ser uma alternativa nutricional para a população, que deverá chegar a 9 bilhões de pessoas até 2050. Segundo projeção da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o consumo mundial deve crescer 60% nos próximos 37 anos.
 
Após o preparo do primeiro hambúrguer feito a partir de células-tronco bovinas, em Londres, no início do mês, especialistas acreditam que, embora o procedimento tenha custos elevadíssimos – a experiência europeia saiu por cerca de US$ 330 mil –, ele será uma importante fonte de alimento, podendo até ser produzido em maior escala, futuramente.

"A população está aumentando e o consumo alimentar, também. Mas a produção de carne tem limites, por falta de áreas de pastagem e pelas implicações ambientais. A saída é partir para fontes alternativas", afirma o secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Evaldo Ferreira Vilela.
 
Componentes

 
Atualmente, no Brasil, o consumo de carne de bovinos, suínos e de aves é de 100 quilos por pessoa ao ano. Em Minas Gerais, terceiro maior produtor do país, são produzidos um milhão de toneladas de carne de boi, anualmente, segundo levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).
 
Aos mais resistentes a substituições, o professor de Técnica e Inspeção de Produtos de Origem Animal da Universidade Federal de Minas Gerais, Afonso de Liguori, avisa: não há diferenças nutricionais entre a carne de laboratório e a original.
 
"Pelo menos, não no que diz respeito às proteínas, o foco principal dos pesquisadores. No caso do hambúrguer sintético, porém, há deficiência de minerais, carboidratos e lipídios, mas, ainda assim, é considerado uma alternativa nutricional", diz Liguori.
 
Impasse
 

De acordo com o professor, a produção de alimentos a partir de uma placa de Petri – método utilizado em Londres – é uma opção interessante, porém, dispendiosa e demorada. É que as células musculares levam, em média, de 15 a 20 dias para duplicar e crescem muito pouco, porque os músculos são estruturas que tendem apenas a "espichar".
 
"Pelo que percebemos, hoje, o processo será inviável, do ponto de vista econômico, por mais uns 20 anos. Ir para a lua sai mais barato", afirma Liguori.


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