Quatro a cada dez consumidores de BH estão 'mais ou menos' ou 'bastante' endividados

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
11/08/2021 às 19:23.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:39

O endividamento tem crescido a olhos vistos entre as famílias de Belo Horizonte. Levantamento feito pela Fecomércio-MG, com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que as dívidas familiares cresceram 14,4 pontos nos últimos seis meses. Além disso, a inadimplência aumentou no período: atualmente, 35,9% dos consumidores possuem contas em atraso na capital mineira. 
Segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), no mês de julho, 82,1% das famílias de BH estavam endividadas, patamar superior ao período pré-pandemia. A tendência de alta também é indicada em relação à inadimplência, que avançou 3,6 pontos no mesmo período. 

“O consumidor está retraído e isso vai avançar ainda mais, infelizmente. Sem uma retomada econômica que garanta emprego e melhora de renda, nada vai mudar”

O percentual de famílias que não vão conseguir arcar com as dívidas também subiu – 4,7 pontos – e já representa 18% da população da capital mineira. No total, 39,2% dos entrevistados, ou quatro a cada dez, se declararam “mais ou menos” ou “bastante” endividados. 
Para o economista-chefe da Fecomércio/MG, Guilherme Almeida, o aumento da inflação e a deterioração da renda são os principais fatores para a piora nos índices. “Em Belo Horizonte, as dívidas comprometem mais de 10% da renda familiar em 83,4% dos casos. E atingem mais da metade do orçamento mensal de mais de 20% das pessoas. A cada dia, para honrar seus compromissos, as famílias recorrem mais aos empréstimos. E isso faz crescer a parcela daqueles que não conseguem sequer cumprir com as dívidas já existentes”, explica.

A pesquisa mostra que, em julho, o tempo médio de comprometimento da renda chegou a quase sete meses. Já entre as famílias que possuem contas pendentes, 69,8% afirmaram que o endividamento é igual ou superior a 90 dias. Já o período de contas em atraso chega a quase 65 dias na capital mineira. Com as contas das famílias tão combalidas, o comércio já se prepara para o impacto negativo nas vendas.

Sem perspectivas

Para Alexandre Dolabella França, superintendente da Associação dos Lojistas de Shoppings Centers de Belo Horizonte, os altos juros e a subida de preços das mercadorias estão fazendo com que os consumidores sejam ainda mais comedidos na hora de comprar. “As pessoas não estão mais conseguindo pagar as contas, nem sequer buscar novos créditos. O consumidor está retraído e isso vai avançar ainda mais, infelizmente. Sem uma retomada econômica que garanta emprego e melhora de renda, nada vai mudar”, lamenta França.

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