Reajustes sem freio: combustível subiu até 77% desde o 1º semestre de 2020; altas devem continuar

André Santos e Evaldo Magalhães
primeiroplano@hojeemdia.com.br
23/08/2021 às 19:18.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:44
 (Carlos Roberto/Arquivo)

(Carlos Roberto/Arquivo)

A disparada nos preços dos combustíveis em BH não tem perspectiva de parar. Desde maio de 2020, os preços da gasolina e do etanol subiram em média 50% e 77%, respectivamente. Para especialistas, as variações nos preços do barril de petróleo no mercado internacional e a desvalorização do real frente ao dólar são os principais pontos que impedem alívio nos reajustes. 

No primeiro semestre de 2020, após altas seguidas provocadas por mais uma crise internacional do petróleo, os preços dos combustíveis caíram. A baixa da gasolina e do etanol chegou a cerca de 20% em postos da capital, de janeiro a junho. Um dos motivos foi a pandemia, que reduziu a mobilidade e a demanda dos motoristas pelos produtos. 

Para se ter um exemplo, no início de maio do ano passado, pesquisa do site Mercado Mineiro apontava o litro da gasolina a menos de R$ 4 na cidade, ante quase R$ 4,50 cinco meses antes. Hoje, com a subida de 32% nos valores desde o início de 2021, o preço médio do produto em BH, segundo o mesmo MM, é de mais de R$ 6 (R$ 6,10) – acima de 50% mais caro de um ano ao outro.

No caso do etanol, a diferença é mais gritante. Em maio de 2020, o preço médio do produto, que recuara 21% desde janeiro daquele ano, era de R$ 2,58 e, agora, chega a quase R$ 4,60. Se o aumento desde janeiro último foi de 42,43%, em relação ao final do primeiro semestre do ano passado a elevação chega a 77%.
Para o economista e diretor do MM, Feliciano Abreu, o motivo é a subida de preços do petróleo no mercado internacional (53,92% em um ano). “Diante desse cenário, não há nenhuma perspectiva de que os preços parem de crescer”, projeta.

Outra barreira para uma queda está no câmbio. Há quase um ano, o dólar permanece no mesmo patamar – em agosto de 2021 era cotado R$ 5,59 e, hoje, a R$ 5,3815. “A desvalorização do real inviabiliza a diminuição de preços ao consumidor. Mesmo que haja estabilização no petróleo, o câmbio vai continuar puxando os preços para o alto”, destaca Paulo Casaca, economista do Ibmec.

ICMS

Enquanto isso, o ICMS aplicado pelos estados nos combustíveis (de 12% a 35%) é tido pelo governo federal como grande motivador de aumentos. “Se está R$ 6 ou R$ 7 o litro e o imposto federal na casa dos R$ 0,70, não é o governo federal que é o vilão. É preciso mudar o ICMS”, reairmou,o sábado (21), o presidente Jair Bolsonaro.

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