Reforma sustenta a construção e faz setor crescer 9% em Minas Gerais

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
01/09/2014 às 07:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:01
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)


Ainda é cedo quando o barulho típico de obra começa no apartamento da professora aposentada Aparecida Oliveira, no bairro Alto Barroca, na região Oeste de Belo Horizonte. Há pouco mais de um mês, ela iniciou a reforma dos dois banheiros do imóvel, mediante investimento de mais de R$ 35 mil.

O cenário, que mistura expectativa de melhoria e caos – como toda obra que se preze –, é o mesmo vivenciado por milhares de famílias brasileiras. Cenário este que vem crescendo.

Segundo dados da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Minas Gerais (Acomac-MG), as reformas puxaram as vendas do setor em 9% no Estado, no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em julho, segundo o diretor da Acomac-MG, William Reis França, a venda de materiais de construção foi 6% superior à registrada em igual período do ano passado. Na avaliação do diretor, a valorização dos imóveis, cujos preços foram às alturas, e a estagnação da construção civil, fez com que muita gente desistisse de trocar de residência e acabasse investindo na moradia atual.

“A pessoa adia o sonho de trocar de casa ou apartamento, mas não deixa de fazer melhorias onde ela mora. Seja por necessidade, seja por estética”, afirma França.

Aquecidas

E as lojas agradecem. Basta entrar em uma revendedora de material de construção aos finais de semana para perceber o clima propício aos negócios.

O diretor da Acomac-MG é proprietário da Casa França, sediada no Funcionários, região Centro-Sul de Belo Horizonte, e vê esse fenômeno na prática. “Nossas vendas têm aumentado bastante”, diz.

Localizada na região Noroeste da capital, a Santa Cruz Acabamentos também está em lua de mel com o consumidor. A empresa encerrou o primeiro semestre de 2014 com faturamento entre 12% e 15% superior ao registrado no ano passado.

De acordo com o diretor da Santa Cruz, Ronaldo Garcia, grande parte dos apartamentos lançados entre 2011 e 2012, anos de ouro do setor imobiliário, foram entregues em 2014. “Mesmo aqueles que não irão reformar, vão precisar comprar metais e acessórios de acabamentos, o que já dá um movimento à loja”, afirma.

Melhorias

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, diz que é comum as pessoas comprarem um apartamento novo e reformá-lo em seguida, seja para trocar o piso ou para melhorar o acabamento das bancadas.

“Brasileiro adora uma reforma. E se puder melhorar o acabamento do imóvel, ele vai melhorar”, diz.

Na avaliação de André Ferreira, proprietário da Ideale, loja especializada em acabamentos com unidades em Lourdes e Contagem, o setor passou por um momento não tão favorável, mas, aos poucos, começa a se recuperar. “Julho e agosto já dão os primeiros sinais de que o consumidor voltou às compras. Estou otimista”, diz.

Para um bom serviço, caça aos profissionais de alta qualidade

Não é novidade para ninguém: quem quer um bom serviço tem que esperar pela liberação na agenda dos bons profissionais do mercado, como pedreiros, marceneiros e pintores. Ou tem que ter sorte. “Esperei um tempão até que o pedreiro que trabalha para o meu irmão e é de confiança estivesse disponível”, afirma a professora aposentada Maria Aparecida Oliveira, que está reformando dois banheiros do apartamento, localizado no Alto Barroca.

Além de um horário difícil na agenda, conforme lembra a arquiteta Nayara Assis, eles costumam cobrar mais caro. No entanto, ela ressalta que, às vezes, vale a pena investir um pouco a mais para garantir um trabalho melhor.

Abrir a carteira para fazer um projeto com um profissional especializado e não errar no resultado da reforma também tem sido mais comum. Conforme afirma Nayara, as pessoas têm contratado mais os arquitetos. “Agosto é, normalmente, um mês mais aquecido para o setor. Mas, este ano, as pessoas me procuraram mais”, afirma.

Ainda de acordo com ela, os clientes têm buscado os profissionais especializados inclusive para elaborar projetos de partes da casa.

“Às vezes me procuram para fazer uma cozinha ou uma área externa, por exemplo. Mas querem sugestões profissionais, querem saber como o projeto vai ficar. Querem a certeza de que gostarão do resultado”.

Roberta Vitória é sócia de uma empresa especializada em reformas de condomínios, a BH Reformas, e concorda com Nayara. De acordo com ela, os clientes estão mais exigentes e o setor mais aquecido, fazendo com que a mão de obra fique escassa, até mesmo para contratos de longo prazo.

“Hoje reformamos fachadas de prédios novos com frequência. Muitas construtoras usam material de qualidade inferior e há a necessidade de intervenção de uma empresa especializada mais rapidamente. Sem dúvida, é um mercado em alta”, afirma Roberta.  

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