Retirada na poupança sobe pelo 9º mês seguido e perda no ano chega a R$ 53,8 bi

Estadão Conteúdo
06/10/2015 às 17:09.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:57

O valor de saques da poupança superou o de depósitos em R$ 5,293 bilhões em setembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (6), pelo Banco Central. No ano até o mês passado, o total resgatado dessa aplicação foi de R$ 53,791 bilhões. Nos dois casos, tratam-se dos maiores volumes de retiradas dos últimos 20 anos para os períodos, desde quando a instituição começou a compilar as informações disponíveis até hoje, em 1995.   Até então, o pior setembro para a caderneta havia sido em 2000. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,851 bilhão. O resultado deste ano até agora também é significativo: pela primeira vez desde 2003 se vê um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses de um ano de janeiro a setembro.   Em janeiro passado, o resultado ficou negativo em R$ 5,5 bilhões e, em fevereiro, em R$ 6,3 bilhões. Em março, os resgates superaram os depósitos em R$ 11,4 bilhões e, em abril, em R$ 5,8 bilhões. Em maio, o saldo ficou no vermelho em R$ 3,2 bilhões e, em junho, em R$ 6,3 bilhões. Em julho, o volume de saques ficou R$ 2,454 bilhões maior do que as aplicações e, em agosto, em R$ 7,501 bilhões. O resultado negativo de março foi o pior para qualquer mês da série histórica do BC iniciada em 1995.   Com o resultado de setembro, o saldo total da poupança ficou em R$ 644,048 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 4,225 bilhões. Os depósitos na caderneta somaram R$ 158,178 bilhões no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 163,471 bilhões.   A situação de setembro só não foi pior porque, no último dia do mês, a quantia de aplicações foi R$ 4,165 bilhões maior do que a das retiradas. Até o dia 29, o saldo da caderneta estava no vermelho em R$ 9,458 bilhões. É comum ocorrer um aumento dos depósitos no último dia de cada mês por conta de aplicações programadas já por investidores com seus próprios bancos.   Na quinta-feira passada, o diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, disse haver evidências de que boa parte dos saques de poupança vistos desde o início do ano é de um grupo considerado como "novos investidores", que tinham escolhido a caderneta no passado como uma forma de aplicação em um momento de maior rentabilidade da poupança. "Os saques recentes da poupança não mudam sua perspectiva de que se trata de um funding bastante estável", afirmou o diretor. "O depósito de poupança é estável tradicionalmente. Mesmo quando há migração, o depósito de poupança - mais a rentabilidade - tem estabilidade grande historicamente, mesmo em momentos de alta de juros. É muito estável", reforçou.   Remuneração   Essa fuga da poupança tem ocorrido, entre outros motivos, porque, com a recessão econômica, sobram menos recursos dos trabalhadores para investimentos. Além disso, com um cenário de juros e dólar altos, outros investimentos tornam-se mais atrativos. A remuneração da poupança é formada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) - esse cálculo vale para quando a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 14,25% ao ano, está acima de 8,5% ao ano.   Por conta dessa sangria na poupança vista desde o início do ano, o setor imobiliário passou a reclamar de falta de recursos para financiamentos de casas e apartamentos. Para minimizar esse quadro, o BC decidiu, em maio, liberar os bancos para usar R$ 22,5 bilhões dos depósitos da poupança que são obrigados a manter na instituição para desembolsos nas operações de financiamento habitacional e rural.

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