Retração das empresas e das classes C e D põe freio na locação de veículos

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
03/11/2015 às 06:46.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:18
Em Minas, as locadoras pagam alíquota de 1%. O substitutivo nº 2 dispensa o pagamento proporcional dessa diferença de alíquota de 3% (Carlos Henrique/Arquivo Hoje em Dia)

Em Minas, as locadoras pagam alíquota de 1%. O substitutivo nº 2 dispensa o pagamento proporcional dessa diferença de alíquota de 3% (Carlos Henrique/Arquivo Hoje em Dia)

O desaquecimento econômico caiu como uma bomba no setor de aluguel de veículos, que vinha crescendo a passos largos desde 2006. Com a retração da indústria e do comércio, as companhias – e até mesmo o poder público – reduziram os contratos, achatando a receita do segmento. Segundo o Sindicato das Locadoras de Veículos de Minas Gerais (Sindloc-MG), a previsão para este ano é que as locadoras de veículos mineiras faturem 30% menos do que em 2014.

O presidente do Sindloc-MG, Leonardo Soares Nogueira, disse que as conquistas da classe C contribuíram para alavancar o setor nos últimos anos. No entanto, devido à escalada da inflação, que corrói a renda do consumidor, as compras ficaram retraídas e muita gente deixou de alugar os veículos.

“As diárias custam cerca de R$ 90. Sai mais barato que o táxi. Era muito comum pessoas das classes C e até D irem às lojas para alugar. Bastava ter um cartão de crédito. Hoje, esse movimento é mais tímido”, afirma o representante do sindicato.

Selic

A alta da Selic, que está em 14,25%, também atrapalha os negócios das companhias. Conforme afirma o presidente do Sindloc-MG, com os juros nas alturas ficou muito mais caro ampliar a frota. As empresas que arriscam fazer o investimento ainda esbarram na dificuldade de conseguir crédito junto às instituições bancárias, que ficaram mais restritivas.

O corte de mão de obra foi outro reflexo do momento econômico conturbado. Na Yes Aluguel de Veículos, empresa de Nogueira, 20% dos funcionários foram dispensados, mas a redução esperada no faturamento é menor do que a média nacional: 25%. Apesar do mau desempenho do setor, o presidente do Sindloc-MG ressalta que o momento é essencial para apresentar as locadoras de veículos a futuros clientes. “É muito mais vantajoso alugar um carro do que comprar. No caso dos aluguéis, se a empresa passar por uma situação difícil ela cancela o contrato e pronto. Se ela tiver que vender a frota ela vai perder dinheiro. E é isso que temos que mostrar para os empresários”, diz o representante do sindicato.

Seminovos

A queda para os seminovos das locadoras será menor do que nos aluguéis, conforme afirma o presidente da Lokamig e conselheiro da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Saulo Fróes, que cortou 10% de pessoal.

A previsão é de que a retração seja de 5% na comparação com 2014. “Como as pessoas não estão comprando nada, a redução pode ser considerada pequena. Mas nos aluguéis prevemos 30% também”, afirma o empresário.

Saulo Fróes ressalta que os veículos vendidos nas locadoras são mais atrativos, com cerca de um ano de uso e até 30 mil quilômetros. Os preços são cerca de 30% mais baratos do que um novo. Para conquistar o cliente, o carro sai da Lokamig Revenda com IPVA grátis e seis meses de garantia, o dobro da garantia prestada no mercado de seminovos.

Na contramão

A inovação é o bote salva-vidas da Movida nesta crise. A empresa, que praticamente triplicou a frota entre 2014 e este ano (19 mil para 52 mil veículos), saiu do básico, criou o departamento de longo prazo e começou a alugar carros diferenciados, como Mercedes C180, Audi A4 e Amarok. Como resultado, a previsão é que o faturamento salte de R$ 120 milhões em 2014 para R$ 700 milhões em 2015.

“O público adora. Pessoas que nunca pensaram em alugar um veículo acabam locando para dirigir um carro diferente”, diz o presidente da Movida, Renato Franklin. Além disso, a companhia, que possui cinco lojas em Belo Horizonte, criou todo um aparato tecnológico para cativar o cliente: desenvolveu apps de celular para todos os sistemas operacionais com diversas funcionalidades e aluga aparelhos para conexão wifi, por exemplo.

Desvalorização do carro e custo da manutenção levam ao aluguel

O assessor parlamentar Marcio Ramos não possui carro, mas também não abre mão do conforto quando precisa se deslocar a longas distâncias. E foi no aluguel de veículos que ele encontrou o equilíbrio. “Gasto menos e, quando preciso, utilizo um veículo novo”, diz.

Ele afirma que o alto custo para manter um veículo foi um dos responsáveis para que ele abrisse mão do carro próprio. A desvalorização dos automóveis também contribuiu. Afinal, segundo o presidente do Sindicato das Locadoras de Veículos de Minas Gerais (Sindloc-MG), Leonardo Soares Nogueira, um veículo pode valer 30% a menos com um ano de uso.

“Compro um carro, dou manutenção, pago documentos e seguro e, quando vou vender, ele vale muito pouco. Não compensa”, justifica Ramos.

O assessor parlamentar, que mora no Centro de Belo Horizonte, afirma utilizar com frequência o serviço. “Meus filhos estudam perto, minha esposa trabalha em casa e eu ando muito a pé. É ideal para o meu perfil”, comenta.

Há uma semana, ele alugou um modelo SUV para ir a Nova Lima e, para o final do ano, tem reserva para ficar 15 dias com um veículo. “Sempre viajo com carro alugado. Com a vantagem de que o veículo é totalmente segurado e eu posso entregá-lo em qualquer cidade que possua uma filial da empresa”.

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