Economia

Seca assola 326 mil produtores rurais e pode elevar preços no sacolão, açougue e supermercado

Estado tem 119 municípios com decretos de situação de emergência em vigor devido à estiagem

Pedro Santos*
pedro.sousa@hojeemdia.com.br
21/12/2023 às 14:31.
Atualizado em 21/12/2023 às 15:09
 (Freepik)

(Freepik)

Nada menos que 326 mil produtores rurais foram afetados pela seca em Minas desde outubro. A estiagem é mais severa nas regiões Norte, Noroeste e Nordeste, que estão com o abastecimento de água comprometido em quase 80% das fazendas. O prejuízo na produção de alimentos deve causar impactos diretos ao consumidor final, com possíveis aumento de preços de produtos, encarecendo compras no sacolão, açougue e supermercado.

O levantamento sobre as perdas causadas pela seca foi divulgado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). O estudo foi feito em 241 municípios. Atualmente, segundo a Defesa Civil Estadual, são 119 cidades com decretos de situação de emergência em vigor devido à seca. 

Conforme a Emater, a estiagem resultou em perdas expressivas nas lavouras, que totalizam 92 mil hectares, especialmente de milho, feijão e soja. Na pecuária, a situação é semelhante: 56% das propriedades esgotaram os estoques para alimentação do gado, enquanto 27% têm suprimento apenas para os próximos 15 dias. Apenas 15,8% dispõem de alimentação adequada até o fim de janeiro de 2024.

A perspectiva para o próximo ano se mantém crítica, demandando medidas urgentes para minimizar os impactos. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), pode haver reflexo ao consumidor, com variações de preços em sacolões, açougues, supermercados e padarias. 

“Não é possível precisar, mas dada a regra de mercado, é possível saber que vão ser afetadas”, afirma Aline Veloso, assessora técnica do Sistema Faemg Senar.

A Faemg tem visitado regiões afetadas e prepara um relatório sobre as perdas dos produtores rurais. Em meio aos problemas, a Federação diz que tem adotado medidas de auxílio para suavizar os impactos e garantir a continuação da atividade rural. 

“O desenvolvimento da produção e a pastagem estão bastante comprometidos. Em algumas regiões, a colheita está bastante atrasada. Outras já tiveram que fazer replantio. Por isso, estamos acompanhando as adversidades climáticas e buscando medidas para mitigar o problema”, acrescenta Aline.

Dentre as medidas, atuação junto ao Estado para desburocratização do acesso a recursos hídricos, visando a criação de pequenas barragens e a perfuração de poços, para reserva de água para irrigação e hidratação animal.

Pedidos junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e outras instituições financeiras para crédito emergencial e renegociação de dívidas também são analisados.

A Emater-MG informou que os produtores prejudicados pela estiagem e que adquiriram crédito de custeio com seguro (Proagro, por exemplo) devem procurar a instituição financeira e comunicar as perdas. 

Já os produtores que possuem operação de crédito sem a contratação de seguro devem procurar o escritório da Emater-MG e solicitar a elaboração do Laudo Técnico de Prorrogação de Dívida. Com este documento, o produtor deve ir à instituição financeira para negociar o pagamento.

A Emater-MG alerta que os produtores rurais, principalmente aqueles que vivem em áreas com histórico de severos períodos de secas, devem investir em técnicas que, a médio e longo prazo, vão reduzir os efeitos da estiagem.

* Estagiário sob supervisão de Renato Fonseca

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por