Sem concorrência

Suposta formação de cartel em postos de combustíveis de BH é investigada

Motoristas reclamam dos preços idênticos cobrados pelas empresas do ramo

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
08/08/2024 às 10:20.
Atualizado em 08/08/2024 às 14:27

Preços idênticos foram identificados em postos de combustíveis da avenida Cristiano Machado (Valéria Marques)

Preços idênticos foram identificados em postos de combustíveis da avenida Cristiano Machado (Valéria Marques)

Postos de combustíveis de Belo Horizonte são alvo de investigação sobre uma suposta prática de cartel. A possível combinação de preços de gasolina, etanol e diesel é apurada pela 20ª Procuradoria Jurídica do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O trabalho está em fase inicial.

Detalhes sobre o procedimento ainda não podem ser divulgados, segundo o MP. No entanto, quem roda pelas ruas da capital garante que os valores cobrados pelas empresas do ramo são idênticos, prejudicando o consumidor que fica sem opção de escolha.

"Nas grandes avenidas não há diferença nem mesmo de um único centavo. Se o motorista passa por aquela via, do início ao fim, vai encontrar os mesmos preços. Às vezes, o valor cobrado é o mesmo em um bairro inteiro, mudando apenas quando você está em outra região da cidade", afirma o professor Rodrigo Silva, de 38 anos. Morador de Santa Luzia, ele trabalha em BH.

Em um rápido giro pela avenida Cristiano Machado (sentido bairro), entre o túnel da Lagoinha e o Shopping Estação, a reportagem do Hoje em Dia flagrou oito postos com preços idênticos de pelo menos um combustível. O litro do etanol é vendido a R$ 4,49 em sete estabelecimentos. Em seis, a gasolina custa exatos R$ 6,39. 

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas (Minaspetro) comunicou que não foi informado sobre a investigação do MP e que ficou "surpreso" com a notícia. O representante das empresas diz que "não comenta sobre os preços praticados pelos revendedores", mas reforça ser contra a suposta prática apurada.  

Conforme o Minaspetro, os estabelecimentos estão sujeitos às normas estabelecidas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

"O Minaspetro repudia qualquer tipo de prática  anticompetitiva e está aberto a cooperar com o MP, caso necessário, no que estiver a seu alcance. Contudo, é preciso ficar claro que paralelismo de preços não é considerado ato ilícito tanto do ponto de vista concorrencial como do consumidor, e, nesse momento, qualquer ilação sobre formação de cartel no mercado belo-horizontino é absolutamente prematura", informou.

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