Nas alturas

Voar de BH para outras capitais está até 136% mais caro

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
11/04/2022 às 06:30.
Atualizado em 11/04/2022 às 11:04
A alta nas passagens pegou em cheio Eldemar Neitzke, que viaja a trabalho de 15 em 15 dias (Valéria Marques)

A alta nas passagens pegou em cheio Eldemar Neitzke, que viaja a trabalho de 15 em 15 dias (Valéria Marques)

Pressionadas pela alta no valor do querosene de aviação (QAV), as passagens aéreas de Belo Horizonte, com embarque do Aeroporto Internacional de Confins, para as principais capitais do país tiveram aumentos de até 136% nos últimos 30 dias. É o que aponta levantamento feito  plataforma de comparação de voos Kayak, a pedido do Hoje em Dia.

Segundo a pesquisa, o preço médio de uma passagem de ida e volta de Belo Horizonte  para o Rio de Janeiro, por exemplo, saiu de R$ 452, na primeira quinzena de março para R$ 1.069 um mês depois, em valores já com todas as taxas inclusas. No caso de São Paulo (SP), passageiros que saíram de Confins tiveram que pagar 97% a mais na tarifa no mesmo período, já que o valor médio saiu de R$ 328 para R$ 648. 

Mais uma vez, a guerra entre Rússia e Ucrânia está por trás das altas. Isso porque a queda de oferta global do petróleo fez com que o preço do barril da commodity subisse 27,6% desde o início do ano e fosse comercializado por várias semanas a valores acima de U$S 100. Dados da Petrobras mostram que o preço do combustível dos aviões acumula alta de cerca de 38% no período entre janeiro e abril. 

Como explica Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, o aumento do combustível impacta direto no preço final da tarifa. “Quase 50% dos custos das companhias aéreas são com QAV. Isso reflete direto no ticket médio da passagem porque as empresas aéreas precisam repassar para o consumidor senão elas vão começar a subsidiar o combustível”, diz. 

Quintella ressalta que as empresas não têm interesse em subir fortemente os preços porque pode retrair ainda mais a demanda. “Mas é uma tendência aumentar naquilo que pode para conseguir custear o voo”, afirma. De acordo com o especialista, “havia esperança que o setor aéreo alcançasse o patamar de 2019 (pré-pandemia) até 2024, mas agora não há garantia”.


 

A disparada dos preços ainda não afetou a movimentação no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Apesar de não ter os dados do mês de março fechados, a BHAirport, concessionária que administra o terminal, informou que espera receber cerca de 745 mil passageiros em abril, 5% a mais em relação ao mês anterior.  Segundo Herlichy Bastos, diretor de Operações e Infraestrutura da BH Airport, a alta será puxada, pelos feriados nacionais. “Será um mês em potencial para viagens, dado os feriados de 15 e 21 de abril, Sexta-feira Santa e Tiradentes, respectivamente”, diz.

Daniel Toledo, vice-presidente da Abav-MG (Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais) e proprietário da agência de viagens Frontur, confirma que as pessoas estão viajando, mas teme retração quando a demanda reprimida por viagens diminuir. “Apesar do nosso faturamento ter aumentado, isso não é benéfico para as agências porque, no longo prazo, as famílias deixam de viajar ou optam por outras formas de transporte”, conta. 

Parte desse movimento é sustentado pela volta das viagens corporativas, que também foram retomadas e muitas vezes não podem ser adiadas. É o caso do consultor de negócios de agronegócio Eldemar  Neitzke, que viaja de Chapecó (SC) a Belo Horizonte quinzenalmente. “Paguei R$3.300 numa passagem de ida e volta que costumava pagar cerca de R$1.800. Ano passado fiz várias viagens e estava mais acessível, mas desde março todas tem aumentado cerca de 45%”, relata.

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