Levantamento feito pelo Hoje em Dia com base em consultas aos principais partidos de Minas indica que apenas quatro prefeitos dos 853 municípios do Estado se desincompatibilizaram dos cargos até o prazo máximo da Justiça Eleitoral, na última sexta-feira, para se candidatar a cargos no Legislativo nas eleições deste ano.
Duas renúncias foram de integrantes do MDB: os prefeitos de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Bruno Siqueira, e de Ipatinga, no Vale do Aço, Sebastião Quintão, que ainda não definiram quais cargos irão disputar. Os outros dois são Ulisses Guimarães (PTB), que comandava Caldas, no Sul de Minas, e José Reis, de Bonito de Minas, Norte do Estado, que trocou o PPS pelo PHS. Ambos devem tentar vaga na Assembleia Legislativa.
O número é considerado exageradamente baixo, mesmo que, nas últimas eleições para as casas legislativas, para governador e presidente, em 2014, não tenham sido encontrados registros, em Minas, de prefeitos candidatos. “Está bem aquém do que esperávamos”, afirmou o presidente da Associação dos Municípios Mineiros (AMM), Julvan Lacerda (MDB), prefeito de Moema. “Ficamos assustados com a pouca adesão até em razão de boas gestões que estão ocorrendo, a despeito do estado crítico de boa parte das cidades”, ressaltou.
Para Lacerda, são muitas as razões que explicam o aparente desânimo dos prefeitos para alçar voos mais altos, no momento. “Como temos falado, é grave a situação financeira dos municípios, com atrasos seguidos de repasses federais e estaduais, e isso deixa os prefeitos na berlinda, sem condições de buscar outros cargos e deixar a população na mão”, afirmou.
“Outro aspecto é que os chefes municipais, com quase três anos pela frente nas prefeituras, não querem se arriscar nesse período turbulento que o país vive”, completou.
Sintoma
O cientista político e professor da Universidade federal de Juiz de Fora (UFJF) Paulo Roberto Figueira Leal acrescenta que o comportamento defensivo dos prefeitos também é sintoma “do quanto a política gravita em torno do Poder Executivo, deixando o Legislativo em segundo plano”.
“É comum que, durante o mandato parlamentar, muitos políticos queiram ser candidatos a prefeitos de suas cidades, mas o caminho contrário tem sido mais difícil”, disse.
Na eleição de 2016, a última a prefeito, cerca de 40 parlamentares federais e estaduais mineiros concorreram a prefeituras.
Leal destaca ainda que também pesa na decisão dos prefeitos de permanecerem em suas bases o fato de que as condições atuais da política podem favorecer mais candidatos novos que aqueles já estabelecidos na política. “De maneira geral, o momento é mais propício para quem está fora do sistema tradicional”, afirmou.
pleito deste ano desperta interesse em apenas quatro chefes do executivo municipal
Manter-se no comando dos municípios, na atual conjuntura, é mais lucrativo para os prefeitos, em termos políticos, do que lançar-se à aventura de disputar cargo no legislativo estadual ou federal