Em BH, Janot nega seletividade partidária e defende delações da 'Lava Jato'

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
08/08/2016 às 21:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:15
 (Filipe Motta)

(Filipe Motta)

O procurador geral da República, Rodrigo Janot, voltou a negar, na noite desta segunda-feira (8) que haja seletividade partidária nos alvos da Operação 'Lava Jato' e excessos nas prisões para a realização de delações premiadas.

"Não vejo seletividade. Isso seria ditadura, escolher quem será investigado. PP, PT, PMDB, PSDB... todos têm parlamentares que estão envolvidos em textos que podem levar à conclusões nas investigações. Num país democrático não posso escolher o alvo. Não tem seletividade alguma", disse, ao ser questionado por uma pessoa que assistia a uma palestra dada por ele em Belo Horizonte.

Para exemplificar seu raciocínio, Janot lembrou o caso de um vídeo que compõe as investigações da Operação em que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, além de Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa e diretores de empreiteiras acertam propina de R$ 20 milhões para que parlamentares “melassem” a CPI da Petrobras, de 2009. “E a CPI da Petrobras não foi melada. Então, eu não vejo seletividade nenhuma na investigação”, disse.

As declarações foram dadas durante aula inaugural do curso de pós-graduação do centro de formação do Ministério Público de Minas Gerais, em que o procurador fez um balanço da Operação Lava-Jato, estabelecendo comparações com a Operação Mãos-Limpas, conduzida na Itália no início da década de 1990, e traçando paralelos com o contexto institucional brasileiro e internacional que favoreceram a condução das investigações nos últimos anos.

Sobre a crítica de que haveria excessos na prisão de suspeitos por um longos períodos para forçá-los a fazer delações, Janot afirmou que dos 74 acordos de colaboração firmados até o momento, 59 deles foram feitos com pessoas em liberdade – somente 15 acordo foram firmados com pessoas detidas, disse. Ele ainda defendeu que a regra da delação possa ser estendida para outros crimes, além da necessidade de uma reforma política e a restrição do foro privilegiado.

“Tem que haver uma solução de meio termo [para o foro privilegiado]. Com 20 mil pessoas com foro privilegiado no país, não há coisa que se resolva. Os tribunais não foram concebidos para lidar com casos iniciais [de políticos], mas com para lidar com processos concluídos”, disse, ressaltando que determinados cargos da República merecem a distinção.

Marcos Valério

Questionado sobre um processo de delação premiada do operador Marcos Valério sobre o mensalão tucano, que estaria em andamento e envolveria o Ministério Público Federal, Janot recusou a se pronunciar. “Desconheço tratativas com o cidadão”, disse.

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