Alagoas - Conheça a pequena Marechal Deodoro

Paulo Leonardo - Hoje em Dia
06/11/2013 às 06:56.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:57
 (Paulo Leonardo)

(Paulo Leonardo)

Fazendo uma “licença histórica”, pode-se dizer que, em uma análise mais livre, o processo que levou à Proclamação da República do Brasil, em 15 de novembro de 1889, começou em 5 de agosto de 1827. Nesse dia, nasceu na cidade de Alagoas, então capital da província de mesmo nome, Manuel Deodoro da Fonseca. Pouco mais de seis décadas depois, ele proclamaria a República Federativa do Brasil e se tornaria seu primeiro presidente. Sua cidade natal passou a se chamar Marechal Deodoro, hoje um dos destinos mais visitados de Alagoas, apesar de ter perdido o posto de capital do Estado para Maceió.   Filho do segundo-tenente Manuel Mendes da Fonseca e da matriarca Rosa Maria Paulina da Fonseca, Deodoro tinha mais duas irmãs e seis irmãos. Era uma família de forte tradição militar. Dos seus irmãos, três morreram na Guerra do Paraguai e foram considerados heróis.   Museu simples   O museu Casa de Deodoro da Fonseca funciona na casa onde o primeiro presidente da República nasceu. Da construção original, de fins do século 18, só restou a fachada. O restante foi reconstruído nos anos 70 para abrigar o museu, que é bem pequeno diante da sua importância histórica. Da família Fonseca, há as lápides dos túmulos da matriarca da família, d. Rosa Maria, e do seu filho e irmão de Deodoro, Eduardo Emiliano da Fonseca (cujos túmulos originais estão no Cemitério do Caju, no Rio); algumas camas, mesas e cadeiras; e alguns retratos.   Das mulheres, pouco se sabe, já que a predileção de d. Rosa era descaradamente pelos filhos homens. Todos tinham que seguir a carreira militar. No fim das contas, ela teve dois presidentes da República na família: o filho Deodoro da Fonseca, que proclamou a República, e um neto, Hermes da Fonseca, que nasceu no Rio Grande do Sul e presidiu o Brasil de 1910 a 1914. Três filhos de d. Rosa se tornaram marechais: marechal Deodoro, marechal Hermes (pai do presidente Hermes da Fonseca) e o marechal Severiano.   Outros três filhos de d. Rosa morreram na Guerra do Paraguai e se tornaram heróis também.    Praia do Francês está sempre cheia de turistas   Nem todo mundo que vai a Marechal Deodoro acaba entrando na cidade propriamente dita. Muitos param antes, pois seu destino é, na verdade, a Praia do Francês, uma das mais badaladas de todo o litoral nordestino. Badalada até demais: muitos barcos param por ali (pois o principal acesso é mesmo via mar) e despejam centenas de turistas todos os dias, e eles enchem a faixa de areia.   Uma curiosidade que os guias locais adoram contar: A Praia do Francês fica junto a uma gigantesca plantação de coco – só que, segundo eles, a água de coco que você toma na Praia do Francês não vem dali. É porque toda a produção está comprometida com uma fábrica de subprodutos do coco, como leite de coco e água de coco, entre outros produtos. Assim, o coco que lhe fornece a água vem de outras regiões de Alagoas e até de outros Estados, como Sergipe e Bahia.   São Miguel   Seguindo o litoral rumo sul, depois de Marechal Deodoro o turista encontra o município de Barra de São Miguel, que tem a outra praia famosa de Alagoas: a Praia do Gunga.   Outra curiosidade, mas dessa vez em Piaçabuçu, na foz: boa parte do filme “Deus é brasileiro”, do diretor alagoano Cacá Diegues, foi filmada na região.    A presença franciscana   O circuito turístico de Marechal Deodoro abrange dez igrejas principais. Entre elas, a igreja conventual de Santa Maria Madalena (1660-1793), belíssima.    A igreja, um importante exemplar da arquitetura franciscana no país, passou por uma intensa reforma, que ainda está acontecendo em algumas partes. Ao lado dela está a igreja da Ordem 3ª de São Francisco, de 1722, construída para os escravos frequentarem. Uma curiosidade: todas as igrejas da cidade só têm uma torre: porque pagava-se menos impostos a Portugal.   Ipioca, onde nasceu o segundo presidente da República   O marechal Floriano Vieira Peixoto nasceu em Ipioca, um distrito do litoral norte de Maceió, em 30 de abril de 1839. Morreu em Barra Mansa, no Estado do Rio, em 29 de junho de 1895. Foi o primeiro vice-presidente e o segundo presidente da República instalada pelo seu conterrâneo marechal Deodoro da Fonseca.   Floriano presidiu o Brasil de 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894, no período da República Velha. Foi denominado “Marechal de Ferro” e “Consolidador da República”, além de ter tido papel fundamental no golpe de 15 de novembro de 1889.   Ipioca é uma praia serena, cercada por vastos coqueirais e muitos sítios, como uma vila de pescadores.   Mar azul   A “sede” do distrito, que se tornou um bairro de Maceió, fica no alto do morro, de onde se tem uma vista única para o mar de cor azul profundo de Maceió. Lá há um mirante, no qual foi improvisado um pequeno monumento, no qual está inscrito que ali nasceu Floriano Peixoto, que viria a se tornar o primeiro vice-presidente da República e o segundo presidente, assumindo após Deodoro.   Igreja recuperada   Mas essa não é a única história de Ipioca. A igreja de N. Sra. do Ó é outra relíquia local.  Infelizmente, esse edifício sofreu com o abandono de muitas décadas e infiltrações por todos os lados ameaçaram a construção, uma das mais importantes do patrimônio histórico alagoano.   Um importante projeto de restauração e recuperação da igreja está sendo levado por historiadores e especialistas em restauro da Universidade Federal de Alagoas.   Holandeses   A história da igreja começa em 1635, quando os holandeses invadiram o sul da capitania de Pernambuco. No alto daquele morro, construíram um forte. Quando os portugueses os expulsaram, destruíram a fortificação e ergueram a igreja, em 1713. Segundo relatos – mas poucos documentos comprovam isto –, ainda estão ali, sob a igreja, os antigos túneis que faziam parte do forte.   Alguns desses túneis foram redescobertos durante o processo de restauração do edifício, que já está parcialmente reaberto à população e à visitação turística.   O governo do "Marechal de Ferro"   Floriano Peixoto, em seus três anos de governo como presidente, enfrentou a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, iniciada em fevereiro de 1893.   Ao atacá-la, apoiou Júlio Prates de Castilhos.    O apelido de “Marechal de Ferro” se popularizou devido à força com que o presidente suprimiu tanto a “Revolução” Federalista, que ocorreu na cidade de Desterro (atual Florianópolis), como a Segunda Revolta da Armada.   Leia mais nahttp://hojeemdiardp2.digitalpages.com.br/html/login/93

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