Mesmo buscando referências em livros, filmes e afins, é natural que um ator imprima um pouco de seu olhar a cada personagem – principalmente se for pinçado da vida real. Com André Mattos não foi diferente. Atualmente, o ator dá vida a Jorge Ochoa, um dos fundadores do Cartel de Medellín, na série “Narcos”, do Netflix, disponível desde 28 de agosto.
Ochoa era de uma família rica e influente, que criava cavalos. Mas foi no mercado de cocaína que encontrou uma forma mais rápida de ganhar dinheiro. “Pablo Escobar sabia como fazer o negócio e os Ochoa tinham o dinheiro para movimentar a coisa”, diz André ao Hoje em Dia. Para ele, a série quer refletir sobre os problemas que o tráfico envolve. “Estamos fazendo uma série baseada em fatos reais e a gente tentou se aproximar ao máximo dessa realidade, mesmo sabendo o quanto foi dolorosa para o povo colombiano”.
Mattos acrescenta que, tendo duas filhas morando no Rio de Janeiro, entende bem a gravidade deste problema o tráfico de drogas). A história de Escobar e do cartel já inspirou diversos livros, bem como filmes e especiais de TV. Isso acontece porque a história é realmente boa, diz Mattos. “O assunto interessa ao público, além de ter sido muito impactante na história da Colômbia. Acho bastante válido que essa história seja contada às novas gerações”.
A contradição do personagem instigou o ator. “São homens de família, muito carinhosos com mulheres e filhos. E, ao mesmo tempo, capazes de cometer atrocidades. Essa contradição me agradou muito, como ator”.
Para o artista, não há uma cena ou um momento específico que o tenha impressionado em particular com "Narcos". Ele conta que a violência cometida contra o povo colombiano e, ao mesmo tempo, o número de pessoas necessitadas que foram acolhidas e ajudadas pelo grupo, foi o que mais o marcou. "Essa contradição é muito marcante mesmo", reitera.
Sobre a descriminalização das drogas e a regulamentação delas, o ator demonstra preocupação com o rumo que pode tomar a situação com uma medida desse tipo. "A gente vai vivendo, aprendendo e mudando nossas convicções. Um dos maiores problemas que a venda de entorpecentes traz para a sociedade é a violência. E também, se você oficializa a coisa, tem que haver uma ampla discussão sobre ela. A droga não é só maconha; é a cocaína, a heroína e até mesmo o álcool", afirma. De acordo com o ator, pesquisas hoje apontam até mesmo o benefício e o poder medicinal da maconha, mas até isso tem que ser melhor discutido e controlado. "O tráfico de drogas é um problema mundial e tem que ser encarado com muita discussão da sociedade com o Governo. Mas essa conversa precisa ser aberta", emenda. "Não gostaria de ver drogas disponíveis em toda esquina, como acontece com o alcool", analisa André Mattos que acredita que a bebida alcoólica é um tipo de droga pesada regulamentada.
Sobre a segunda temporada, confirmada para 2016, Mattos disse que não pode adiantar nada ainda, mas que a renovação foi merecida. "A série foi muito bem tratada. A qualidade é ótima e a história fascinante. Eu só posso agradecer ao José Padilha e a toda equipe pela oportunidade", agradece ele, que, na verdade, já torce até pela terceira temporada.