“As Sufragistas” coroa ano marcado pelo fortalecimento do feminismo

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
24/12/2015 às 08:18.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:27
 (Divulgação )

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No ano em que a palavra “feminismo” foi escrita, cultuada e explicada inúmeras vezes na imprensa e nas redes sociais, o lançamento do longa-metragem “As Sufragistas” (que entra em cartaz nesta quinta (24), na cidade) vem para fechar o período com chave de ouro.

Dirigido por Sarah Gavron, o filme é quase didático sobre a luta de mulheres britânicas no início do século 20, em nome do sufrágio universal. A história das mulheres que tinham de se sacrificar em nome do reconhecimento político é apresentada por meio de Maud Watts (Carey Mulligan), a funcionária despolitizada de uma lavanderia que passa a conhecer a luta das sufragistas – e sofre sérias sanções por isso.

Embora o voto das mulheres tenha sido conquistado em praticamente todos os países do mundo – em alguns, muito tardiamente, como a Arábia Saudita, que permitiu esse direito somente este ano –, é possível fazer muitos paralelos entre a trama apresentada em 1912 e a atualidade.

O machismo, a diferenciação de tratamento em relação ao gênero no ambiente de trabalho, o abuso sexual, a objetificação das mulheres são alguns temas apresentados na telona e que permanecem em pauta na sociedade.
 
Força da União
 
Mas não somente problemas ainda vigentes. “As Sufragistas” mostra uma história de união entre mulheres, o que permite um paralelo com a atualidade também. As manifestações contra o projeto de Lei 5069 (de autoria do deputado Eduardo Cunha, que dificulta o aborto legal em caso de estupro), as hashtags #primeiroassédio e #meuamigosecreto e a Marcha das Mulheres Negras são exemplos de como as mulheres estão cada vez mais unidas.

“As mulheres estão aprendendo que podem estar com outras mulheres. Homens sempre tiveram confrarias, como a maçonaria e o Rotary Club. Há uma proteção masculina. Eles não são singularmente potentes, mas fortes por estar em coletivos”, diz a atriz e produtora Mariana Maioline, uma das várias mulheres que viu um saldo positivo na movimentação feminista deste ano.

Para ela, a cultura de que mulheres disputam espaço no trabalho e nas relações afetivas está sendo jogada por água abaixo, permitindo que haja uma maior cumplicidade entre elas – e já há uma palavra para isso, sororidade. “Tem acontecido uma união poderosíssima. E vamos ficar juntas até que todas estejamos realmente livres”.

Jornalista do Hospital Regional de Betim, Flávia Freitas conta que 2015 foi fundamental para que seu engajamento ficasse ainda mais fortalecido. “Este ano foi importante para falarmos sobre a opressão. É um caminho sem volta”.

“Como trabalho na área da saúde, minha luta é para que a mulher tenha maior conhecimento sobre ela. Que saiba mais sobre parto normal e cesariana, por exemplo”, diz Flávia, que criou, há quatro anos, o projeto Quintas do Bem, com objetivo de trabalhar a auto-estima de mulheres vítimas de câncer.
 

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