“Atômica” seria mais um daqueles filmes de ação ao estilo de Guy Ritchie, misturando violência, humor, movimentos de câmera mirabolantes e edição frenética, se não fosse por um importante detalhe: quem distribui socos e pontapés é uma mulher.

Uma das estreias de hoje nos cinemas, o filme protagonizado pela agente secreta Lorraine se junta a Mulher Maravilha e Motoko (a ciborgue de “Ghost in the Shell”) num ano que será lembrado pela conquista de uma certa paridade no campo dos grandes heróis– e agora, heroínas.

“Atômica” pode não ter a mesma complexidade de seus congêneres, sobre o ser feminino e a mecanização da sociedade, mas avança com desenvoltura em outras áreas, apresentando a primeira heroína bissexual do cinema americano.

Ao contrário da habitual receita hollywoodiana de “punir” a representação de “desvio moral” (nesta caso, sua opção sexual) com falta de beleza, inteligência ou carisma, Lorraine é uma agente destemida, corajosa e, também sensual, que se envolve com uma colega francesa em tórridas cenas amorosas.

Sem sexo frágil
A Lorraine interpretada por Charlize Theron–atriz que somados os títulos “Aeon Flux” e “Mad Max – Estrada da Fúria”, divide com Scarlet Johansson o protagonismo feminino em filmes de ação contemporâneos– jamais faz da sensualidade uma ferramenta exclusiva. Se ela se veste bem é porque se sente poderosa, como um figurino de super-herói. Mas apanha tanto quanto bate, em lutas duras com homens, sem aquelas piadinhas típicas sobre gêneros.

O grande mérito de “Atômica” talvez seja suprimir qualquer ideia de sexo frágil: não importa se é um homem ou mulher à frente da ação física, como se isso fosse algo predominantemente masculino.

Pejorativamente, Lorraine poderia ser chamada de um “James Bond de saias”, exibindo igualmente charme e força. O mais correto, porém, é dizer que a agente tem seus gostos e habilidades como qualquer outro personagem do reino da ação.

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