No primeiro dia do Circuito Literário Praça da Liberdade, autores de língua portuguesa celebram o encontro por meio do idioma que os une. A programação do evento gratuito vai até domingo (16) em vários endereços culturais a partir da Praça da Liberdade.
No Sesc Palladium, o angolano José Eduardo Agualusa e o português Gonçalo Tavares eram aguardados por dezenas de fãs entre estudantes e professores da "língua pátria".
"Gosto das questões sobre colonização e identidade nacional na literatura africana", aponta a professora de literatura brasileira Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos, em uma fila.
Com um romance de Tavares nas mãos, presenteado pela amiga, a escritora Julia Zuza, Maria do Carmo admira encontros como o que acompanha. São literatos - ex-colonizados e ex-colonizadores - conversando, séculos depois, mas agora, em nome da arte. "Estamos aqui em prol da literatura e da língua portuguesa", relete.
Experiência
Mais cedo, na Academia Mineira de Letras, a escritora imortal, pela Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, também se encontrou com o público e no alto dos seus 72 anos defendeu o bom uso da internet a favor da leitura.
"A internet multiplica e exige que as pessoas sejam alfabetizadas. No tempo em que só tínhamos televisão, podia-se ficar na frente dela sem saber ler", compara.
A versátil escritora é autora de mais de uma centena de livros, entre eles, clássicos da literatura infantojuvenil brasileira como "Raul da Ferrugem Azul", e "História Meio ao Contrário".

Mas a inspiração de Ana Maria Machado parece que não vai se esgotar tão facilmente. "O tempo que eu tenho na minha frente, se é que eu tenho algum, é para escrever mais", avisa.
Completam a obra da imortal vários ensaios e romances, gênero este sobre o qual ela se dedica para um próximo lançamento. "Ainda não sei o nome. É um romance de época, voltado para adultos e se passa no século 19".