Becos do Santa Tereza ganham olhar poético

Elemara Duarte
18/01/2015 às 13:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:42
 (Camila Lacerda)

(Camila Lacerda)

Muita gente passa por eles e nem “tchum”. A exceção é a artista plástica, fotógrafa e, como se define, a “flâneur” Camila Lacerda. Com o olhar poético, ela fotografa corredores de passagem para os fundos de casarões do bairro Santa Tereza. Com o olhar plástico, ela transforma o que flagrou em uma série de telas em exposição no blog pessoal dela.   Com a ideia simples intitulada “Becos de Santa Tereza – Entrada Independente”, a artista, de 27 anos, fez um corte social, arquitetônico e cultural do bairro da Região Leste de BH.   “As famílias fazem esses barracões nos fundos para os filhos recém-casados morarem. Depois que o casal consegue a casa própria, o barracão vira uma fonte de renda para a família”, explica.   Estes becos provavelmente eram lugares pouco utilizados dessas residências. Com a adequação dos “puxadinhos”, eles ganharam cores vivas, decoração com espadas de São Jorge, um piso de cerâmica picotada. Tudo um pouco improvisado, mas que transmite o zelo de quem oferece abrigo ao filho que está quase saindo do ninho familiar.   “Eles transmitem uma ideia plástica. É uma construção ingênua, naïf, não é arquitetada. É algo bem característico do Brasil”, descreve.   Camila tem cinco telas prontas e quer completar dez. As pinturas são grandes com um metro e meio de altura. O próximo passo da missão, que começou no ano passado é pintar um beco de paredes brancas.   Além de Santa Tereza, a artista belo-horizontina diz que o bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul, é outro que tem essas características nas residências mais antigas.   Algumas das telas podem ser vistas no http://cargocollective.com/camilalacerda. Até o final do ano, a fotógrafa quer organizar uma exposição em BH com a série completa.   Camila Lacerda é bacharel em Artes Plásticas pela UEMG-Escola Guignard e pós-graduada em Cinema. Já participou de exposições coletivas e tem um ateliê em um porão de Santa Tereza. O beco por onde passa todos os dias para trabalhar, inspirou a primeira tela da moça.

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