Brumadinho retoma o projeto Anagama com oficinas de música e valorização de tradições
O "Anagama - Arte, Inclusão e Sustentabilidade" retorna nos dias 4 e 5 de outubro, focado na força das bandas musicais da região, com atividades gratuitas

O projeto Anagama - Arte, Inclusão e Sustentabilidade está de volta e promove a cultura de Brumadinho neste sábado (4) e domingo (5). A segunda edição da iniciativa, que tem atividades gratuitas, será aberta com a oficina Pelas Bandas do Paraopeba, um encontro que busca manter viva a tradição musical da região.
A iniciativa é uma realização da ONG Contato, com apoio de associações e coletivos locais, e foi desenvolvida após o crime ambiental que atingiu o município.
O projeto foi aprovado pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo, que inclui a AVABRUM, a Defensoria Pública da União, o Ministério Público do Trabalho - Minas Gerais e o Tribunal Regional do Trabalho - 3ª região.
Ampliação do foco na música
O coordenador de Mobilização e Articulação do Anagama, Vítor Santana, explicou que o projeto conseguiu a renovação para um novo ciclo, com a ampliação das atividades, especialmente no campo da música.
"Desde que o projeto surgiu, foram dois anos muito intensos e, agora, a gente conseguiu a renovação de mais um ciclo. Estamos ampliando as atividades, notadamente no campo da música, nesta região onde há essa tradição musical", disse Santana.
Carlos Nagib, coordenador-geral do Anagama, lembrou que a primeira edição, em 2023, teve a cerâmica como fio-condutor, mas uma pesquisa sobre hábitos de consumo cultural no município revelou a força da música.
O legado da família Bibiano e a oficina
A tradição musical de Brumadinho é fortemente ligada ao pioneirismo de José Maria Bibiano, músico autodidata do Quilombo do Sapé. Ele foi fundamental na Corporação Musical da cidade e deu início à Guarda de Moçambique da região, influenciando gerações na arte e na valorização da cultura afro-brasileira.
Seu neto, Aldo Bibiano, músico tubista e professor universitário da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, assina a direção artística do projeto e é um dos educadores da oficina "Pelas Bandas do Paraopeba". Aldo é também capitão regente da Guarda de Moçambique no município.
"Fala-se muito sobre a importância da construção cultural de Brumadinho a partir da chegada do meu avô para cá. As manifestações que ainda persistem hoje, diretamente ou indiretamente, foram criadas por ele. Eu tento passar isso para a nova geração", explicou Aldo Bibiano.
A oficina busca aproximar a nova geração desse universo musical, oferecendo crescimento e a possibilidade de um novo olhar mercadológico para a juventude da cidade. O encontro de congraçamento reúne um elenco de peso, que inclui o tubista Aldo Bibiano, o Maestro Joanir Oliveira, o trompetista João Paulo Santos Corrêa e a flautista Sandra Alves, da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
A ampliação do projeto conta com a participação de bandas tradicionais da região, como a Corporação Musical Santa Efigênia, a Banda São José e a Corporação Musical Banda São Sebastião.
Vítor Santana reforçou que os projetos da ONG Contato envolvem um trabalho de base, construído junto à comunidade. "Sobretudo uma comunidade que foi atravessada por um crime ambiental e sofreu um grande impacto", ponderou.
Mais de 350 pessoas foram diretamente contempladas pela primeira edição do Anagama, que utilizou a cerâmica e o artesanato como foco inicial para capacitação e geração de renda nas localidades atingidas.