Caos silencioso: acostumada a sediar grandes festivais, Tiradentes sofre com prejuízos e a pandemia

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
06/05/2020 às 19:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:26
 (André Frade/Divulgação)

(André Frade/Divulgação)

Um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhões em um período equivalente a um mês. Esta é a realidade de Tiradentes, cidade histórica mineira com mais de 300 anos e que tem 99% de sua economia voltada para o turismo – e, obviamente, a cultura –, como atestam Henrique Rohrmann, secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer do município, e Rodrigo Mendonça, secretário de Finanças.

Acostumada a sediar eventos de grande porte, como a Mostra de Cinema e o Festival Cultura e Gastronomia, Tiradentes viu o cenário mudar devido à pandemia do novo coronavírus. Em razão da política de isolamento social, a cidade precisou adiar várias de suas festividades, vide o Foto em Pauta, o Trembier e o Bike Fest.

Somando-se a isso as celebrações religiosas sem quaisquer aglomerações e as incertezas quanto à retomada do calendário de espetáculos – teoricamente, esse retorno se dá em agosto com o Duo Jazz, o Vinho e Jazz, a primeira edição do Amadança e o Festival de Gastronomia –, o município vem sofrendo em meio a um caos silencioso.

“A gente trabalhou para fazer com que o calendário (de eventos), que seria praticamente do ano inteiro, coubesse no segundo semestre”, afirma Henrique Rohrmann. “Alguns eventos vão ter que acontecer ao mesmo tempo, em feriados também. Vamos ver se desta forma a gente alivia nossa economia”, diz.

Setembro, como enfatiza Rohrmann, será um desses meses ‘inchados’ de festivais. “A retomada ficará em agosto, e setembro estará sobrecarregado, com a inclusão do Trembier (dias 10 a 12) e do Bike Fest (23 a 27). São eventos que podem acontecer numa ‘data-limite’, porque a partir daí começa um período de chuvas, e situações climáticas podem atrapalhar a realização de eventos neste formato”, destaca.André Frade/Divulgação

Realidades

Os dois primeiros meses de Tiradentes foram positivos, com a 23ª edição de sua Mostra de Cinema, em janeiro, e o Carnaval, em fevereiro. “A lotação das pousadas ficou próxima dos 100% no Carnaval, o último grande evento que tivemos”, relata Rohrmann.

De março em diante, porém, festivais começaram a ser adiados. Felizmente, nenhum foi cancelado, mas é fato que a ausência deles e, consequentemente, do fluxo de turismo, vem impactando ferozmente na sociedade, como informa Rodrigo Mendonça: “Podemos considerar que, dos 7 mil habitantes em Tiradentes, 50% trabalham formal ou informalmente. Destes 50%, 30% perderam seus empregos”.

Para tentar amenizar os impactos negativos, a Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer de Tiradentes tem “atuado junto com o Comitê Gestor de Crise da Covid-19, formada por várias frentes no trabalho da cidade”, como salienta Rohrmann. “Estamos trabalhando também com campanhas para, quando pudermos retomar a recepção dos turistas, estarmos em boa situação e com um marketing legal para a cidade”, complementa.

Retorno

Existe uma expectativa, segundo as autoridades da cidade, de reabertura do comércio a partir do dia 20 de maio. Cada estabelecimento precisaria de um novo alvará, além de seguir várias regras de higienização no combate ao coronavírus. Essa data poderá ser prorrogada, pois também depende da autorização do Ministério Público e da aprovação de órgãos fiscalizadores do Estado e do município.

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