(Divulgação)
SÃO PAULO - Charles Dodgson, o criador de "Alice no País das Maravilhas", odiava tanto a fama que queria "nunca ter escrito livros", revelou recentemente uma carta que irá a leilão nos próximos meses. As informações são do jornal "The Guardian". A carta, escrita à mão, foi enviada por Dodgson a sua amiga Sra. Symonds, em 1891.
O escritor era conhecido como o criador da clássica história infantil, escrita por ele sob o pseudônimo de Lewis Carroll. "Todo esse tipo de publicidade me leva a ouvir meu nome de forma estranha, em conexão com os livros, e a estranhos apontando para mim e me encarando, e me tratando como um 'leão'. Eu odeio tudo isso tão intensamente que algumas vezes eu quase desejo que nunca tivesse escrito nenhum livro", escreve Dodgson.
Um ano antes de escrever para Symonds, ele havia preparado uma carta direcionada aos fãs que pedissem por seu autógrafo, na qual insistia que não tinha nada a ver com os trabalhos publicados por Lewis Carroll.
"Sr. Dodgson... não alega nem reconhece nenhum ligação com pseudônimos ou com qualquer livro que não for publicado sob seu próprio nome", dizia. "Não tendo portanto nenhuma reivindicação para guardar, ou tendo que ler a carta enviada, ele a devolve para a conveniência do escritor que errou o destinatário".
Na carta do dia 9 de novembro de 1891, Dodgson admite que há muita gente "que gosta de ser vista como uma notoriedade" e que muitos não entendem sua aversão em ser encarado, mas que "nem todos somos feitos do mesmo padrão, e nossos gostos e desgostos são muito diferentes",.
A carta será leiloada na casa Bonhams mês que vem, e é esperado que fature 4.000 libras (cerca de R$ 15.978,31). A casa de leilões disse que "não há indicações" de que a missiva tenha sido publicada antes.
Charles Dodgson insistia que nada tinha a ver com os trabalhos publicados por Lewis Carroll (Foto: Reprodução)