Casa Fiat de Cultura celebra 'Dia de Dante' com palestra virtual

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
24/03/2021 às 10:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:29
 (REPRODUÇÃO/SANDRO BOTTICELLI)

(REPRODUÇÃO/SANDRO BOTTICELLI)

“Acho impossível para qualquer professor de literatura do mundo não ser fã de Dante Alighieri”, assinala Riccardo Cassoli, integrante do corpo docente da Fundação Torino que ministrará nesta quinta-feira (25), pelas redes sociais da Casa Fiat de Cultura, uma palestra sobre o poeta, exatamente no dia que serão lembrados os 700 anos de morte do autor da obra-prima “A Divina Comédia”.

Cassoli é italiano como Dante, natural da região de Marcas e está há oito anos no Brasil, levando para o seus alunos a importância do poeta para a criação da língua. Não é exagero. O professor lembra que o italiano tinha um vocabulário enxuto e que Dante foi fundamental para a sua ampliação. “Ele foi o pai da língua italiana, responsável por potencializá-la”, salienta o professor.

Ele explica que a língua tinha nascido um pouco antes de o escritor lançar “A Divina Comédia”, com um léxico ainda muito pobre. “O que ele fez no livro: criou uma língua completamente nova, que é praticamente a língua de hoje. Os linguistas calculam que 90% do léxico fundamental do italiano de hoje foram criados naquela obra”, sublinha Cassoli.

Não é por acaso que Dante passou a ser chamado de “sumo poeta” e reverenciado por autores de renome como Goethe e T. S. Elliot. “O que ele fez foi um milagre, fazendo em 70 anos o que se faz em 500. Mas Dante não é um gigante só por isso. Em ‘A Divina Comédia’, fala da salvação e da formação do ser humano. Ninguém fez nada parecido”.

Composto por mais de 14 mil versos, o poema “A Divina Comédia” é dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. Foi escrito com viés épico e ideológico, com o próprio Dante sendo o protagonista do enredo. Ele realiza uma jornada pelas três instâncias e, ao longo do caminho, cruza com amigos, conhecidos e outras figuras, sempre debatendo diferentes assuntos.

“Dante foi um experimentador incansável. Fez de tudo, de poema à prosa. Quando se fala dele, podemos mencionar plurilinguismo e pluriestilismo. No caso de ‘A Divina Comédia’, é difícil resumi-la em uma palavra. É uma obra muito complexa, com diversos significados. Curiosamente, ela é muito sintética. Por isso há muitas notas de explicação no livro”, registra.

Para Cassoli, a obra dá a impressão de que Dante visitou de verdade o além, passando por purgatório, inferno e paraíso. “É um grande conto sobre esta visão dele, tornando-se por vezes uma história de amor, sobre a relação dele com Beatriz, uma mulher que amou por toda a vida. Por fim, é a suma de um saber extraordinário deste homem que entendia de tudo”, define.

Serviço:

Dia de Dante – 700 anos de morte de Dante AlighieriPalestra ““Do Inferno ao Paraíso: uma conversa sobre A Divina Comédia” com o professor de história e literatura da Fundação Torino Riccardo Cassoli25 de março, às 19hBate-papo virtual, com retirada de ingressos gratuitos pela Sympla

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