(Jardiel Carvalho)
Impossível não ficar de queixo caído ao ouvir “Reencontro”, terceiro projeto em conjunto das extensas carreiras de Ângela Maria e Cauby Peixoto. Ela, aos 84 anos, e ele, aos 83, mostram que é possível envelhecer e manter a qualidade da voz – sem contar com o AutoTune, como muitos jovens andam fazendo nos estúdios de grandes gravadoras. O título é um dos primeiros a ser lançado pelo selo Nova Estação, do produtor Thiago Marques Luiz – responsável pelos últimos discos gravados pela dupla que fez tanto sucesso nas rádios em meados do século passado. A direção musical de Daniel Bondaczuk preza pela tradição, com arranjos focados especialmente no piano e em instrumentos de cordas. No repertório, um apanhado de músicas conhecidas de grandes autores que nunca haviam sido gravados pela dupla. Aqui estão composições de Cartola, Antonio Marcos, Roberto Carlos, Benito di Paula, Vinicius de Moraes e muitos outros. No disco “Eu Voltei”, Ângela Maria já mostrava que precisou abaixar alguns tons de sua potência vocal para manter a qualidade. Em “Reencontro”, da mesma forma, ela foge das extensões vocais que poderiam significar um tiro no pé. Já a voz de Cauby não parece envelhecer. Em “Reencontro”, canta com a potência semelhante àquela dos tempos da mocidade.
“Reencontro” prova mais uma vez o grande talento do produtor Thiago Marques Luiz, que se especializou em dar ares contemporâneos e sofisticados aos trabalhos de quem fez tanto sucesso no passado.