Cia Afeta faz uma reflexão sobre a fragilidade da vida

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
16/01/2015 às 08:08.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:41
 (Guto Muniz/Divulgação)

(Guto Muniz/Divulgação)

A dimensão da finitude e a necessidade de seguir em frente após uma perda. Essa instigante dialética permeia o espetáculo “Talvez Eu Me Despeça”, da Cia Afeta, que cumpre temporada dentro da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. Trata-se de um solo criado a partir de uma experiência pessoal da atriz Beatriz França, que em 2012 teve que aprender a lidar com a ausência da amiga e atriz Cecília Bizzotto, assassinada em sua casa, no bairro Santa Lúcia, por assaltantes.

A montagem é uma homenagem a Ciça, como era chamada pelos amigos, mas vai além ao propor uma reflexão sobre as relações humanas e a impossibilidade de se despedir.

Para transpôr essa vivência para o palco, Beatriz se cercou de profissionais que, de alguma forma, tinham uma ligação com Cecília e a experimentação do campo das artes. “A montagem tinha que ter esse caráter experimental, e de algo que nunca tínhamos feito”, explica a atriz, que se pautou no elemento do risco, que está presente na vida e na arte. “A própria Cecília se arriscou, de certa forma, quando ligou para a polícia na frente do assaltante”, justifica.

Com direção de Ludmilla Ramalho e texto de Daniel Toledo, a peça é uma “festa de despedida”, entre a atriz e o público. “Para se despedir, tem que haver um encontro”, diz a atriz, que antes desta montagem não atuava há algum tempo. “Minha admiração por ela foi um estímulo para voltar ao palco”.

Nessa despedida, Beatriz convida o público a encarar a fragilidade da vida e compartilhar lembranças, que em cena são resgatadas por meio de vídeos, fotos e cartas escritas por familiares e amigos de Cecília. No decorrer dos 50 minutos da montagem, Beatriz promove um jogo com o público. “O espetáculo tem uma estrutura ventilada, onde as pessoas podem interferir. E digo que a qualquer hora eu posso ir embora”. Com linguagens da performance e do teatro documentário, o cenário é uma instalação criada por Ana Luisa Santos. Uma grande quantidade de roupas está espalhada pelo chão, e existe uma máquina de lavar. “Apesar da perda, a vida segue. As roupas precisam ser lavadas”.

“Talvez Eu Me Despeça” na Funarte MG (rua Januária, 68, Floresta), de quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h, até dia 25. E no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários), de quarta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. De 25/2 a 8/3. R$ 5 (postos Sinparc).  

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