ANIVERSÁRIO

Cine Brasil comemora 90 anos como ícone cultural e arquitetônico de Belo Horizonte

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 11/07/2022 às 07:00.
Um dos principais cinemas do país, interrompeu suas atividades em 1999 e voltou como centro cultural em 2006 (Fernando Michel)

Um dos principais cinemas do país, interrompeu suas atividades em 1999 e voltou como centro cultural em 2006 (Fernando Michel)

Fincado no coração de Belo Horizonte, entre as avenidas Afonso Pena e Amazonas, o Cine Brasil completa 90 anos nesta quinta-feira. O prédio de art decó com nove andares abrigou por várias décadas uma das principais salas de cinemas do país. E se tornou ícone da cidade.

Hoje transformado em centro cultural, o cinema já não é mais o carro-chefe, mas a edificação passou por uma grande restauração que destacou o seu valor arquitetônico. “Ele foi o precursor da verticalização de BH”, afirma Cleidisson Dornelas, coordenador cultural do espaço.

Durante 12 anos foi o prédio mais alto da capital. A população pagava ingresso para subir até o sétimo andar e usufruir da bela vista. Acabou perdendo o posto para um edifício localizado a poucos metros, na Afonso Pena, e que também contou com um cinema – o Acaiaca.

Dornelas observa que o Brasil foi o primeiro prédio construído com concreto armado na cidade. “Ele trouxe inovação, a partir de uma engenharia revolucionária. Tanto é assim que o concreto foi importado da Inglaterra. Não havia no mercado nacional”, salienta o coordenador.

“O prédio é uma joia da arquitetura belo-horizontina. Os estudantes da área vêm nos visitar e ficam impressionados pela forma como foi construído. Hoje ele está preservado, tombado pelos órgãos públicos, evidenciando um grande valor histórico”, relata Dornelas.

Propriedade do grupo Cinemas e Teatros, o Cine Brasil encerrou  as suas atividades  em 1999, seguindo a tendência de fechamento das salas de rua, substituídas pelos complexos em shoppings. Neste mesmo ano, o prédio foi tombado pelo município e pelo Estado.

O local ficou fechado até 2006, passando por um amplo processo de restauração após ser adquirido pela Fundação Sidertube, que investiu cerca de R$ 60 milhões. A reabertura foi marcada com a exposição do mural “Guerra e Paz”, de Portinari, que estava na sede da Nações Unidas, em Nova York.

Foi nessa época que Dornelas entrou na equipe de programação cultural. “Buscamos fazer uma ocupação dinâmica na cidade, propondo uma agenda regular de eventos. Hoje ele tem uma programação constante, trazendo vitalidade para o setor”, reforça.

De 2006 para cá já foram realizados 5 mil eventos, com um público de 1,5 mil. “O Brasil se consolidou um dos espaços culturais da cidade, uma casa de cultura de referência”, assinala. Para ele, a curadoria tem uma característica plural, recebendo desde grandes shows a apresentações de stand-up.

Para comemorar as nove décadas, o espaço preparou um dia inteiro de atividades gratuitas, como apresentações de música e teatro, boa parte deles realizadas na entrada principal do Cine Brasil. A programação começará às 8 horas,  com a banda da Guarda Municipal.

Para relembrar os tempos áureos como uma das mais charmosas salas de cinema da cidade, haverá sessões de filmes no Teatro de Câmara. Serão exibidos clássicos como “O Garoto”, de Charles Chaplin, “Scarface”, de Howard Hawks, e “Festim Diabólico”, de Alfred Hitchcock.

Leia mais

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por