Um dos maiores realizadores da era clássica de Hollywood, deixando sua marca nos mais diversos gêneros, Howard Hawks ganhará em Belo Horizonte uma completa e inédita retrospectiva de sua carreira, que será promovida pelo Cine Humberto Mauro a partir de abril.

Injustiçado no Oscar, com apenas uma indicação (em 1942, por “Sargento York”) e um prêmio honorário, recebido em 1975, Hawks é autor de filmes marcantes como “Scarface” (1932), “Levada da Breca” (1938), “Rio Vermelho” (1948), “Os Homens Preferem as Loiras” (1953) e “Hatari!” (1962).

“Dentro dos gêneros cinematográficos, ele é o que melhor desempenhou essa diversidade, passeando por gêneros como comédia, filme de gângster, noir, musical e aventura”, destaca Rafael Ciccarini, responsável pela programação da sala do Palácio das Artes, ao lado de Ursula Rösele.


Autor

Com carreira iniciada em 1926, no drama “The Road to Glory”, após trabalhar como roteirista, Hawks só ganhou o reconhecimento da crítica na década de 50, quando a prestigiada revista francesa “Cahiers du Cinema” o escolheu, juntamente com Alfred Hitchcock, como exemplos de autoria no cinema industrial americano.

“Ele se tornou um herói dos críticos que mais tarde criariam a “Politique des auteurs” no cinema, como Jean-Luc Godard, François Truffaut e Eric Rohmer”, observa Ciccarini. Godard, por sinal, citou Hawks no filme “O Acossado”. Já Rohmer dizia que era difícil amar o cinema sem gostar do diretor, que morreu um dia após outro deus cinematográfico, Charles Chaplin, em 26 de dezembro de 1977, aos 81 anos.

Os 42 longas assinados por Hawks serão exibidos em boa parte em película, originários principalmente da Biblioteca do Congresso Americano, em Washington. “É um trabalho difícil, de muita pesquisa nos vários arquivos do mundo, mas recompensador por dar oportunidade de o público descobrir a obra dele”, registra Ciccarini, fã confesso de Hawks.


Visão de mundo

“Ele não é tão conhecido, mas os atores que trabalharam com ele são conhecidíssimos, como Marilyn Monroe, Cary Grant, John Wayne, Lauren Bacall, entre outros. Com isso, os espectadores encontrarão uma forma de se divertir vendo grandes clássicos e ainda discutir a questão do Hawks autor. É incrível como ele conseguiu, num esquema tão industrial, imprimir certas visões de mundo”, analisa.

Algumas das cópias que ganharão a tela do Cine Humberto Mauro são novas. Um exemplo é o faroeste “Rio Bravo – Onde Começa o Inferno” (1959), que passou por processo de restauração em 2007. É considerado como o “filme perfeito” do cineasta.

Compartilhar