CINEMA

Com a atriz mineira Grace Passô no elenco, 'O Nosso Pai' estreia no Festival de Brasília

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 11/11/2022 às 08:03.
Grace Passô e Camila Márdila no elenco, filme traz a assinatura da diretora Anna Muylaert, de "Que Horas Ela Volta?" (Vitrine/Divulgação)

Grace Passô e Camila Márdila no elenco, filme traz a assinatura da diretora Anna Muylaert, de "Que Horas Ela Volta?" (Vitrine/Divulgação)

A cineasta Anna Muylaert define a estreia de seu novo curta, "O Nosso Pai", no 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro como algo magicamente sincronizado. “Desde que o filme ficou pronto, meu sonho era exibi-lo nesse Festival depois que o Lula fosse eleito. Daí o Lula ganhou a eleição no domingo (30 de outubro), e na segunda-feira, a Sara Rocha, diretora do Festival, me ligou convidando para participar do Júri de Longas. Eu aproveitei, claro, e mostrei o filme para ela, que acabou nos convidando para o apresentar hors councours”. A obra será mostrada a público em 20 de novembro, na noite da premiação. 

Com a atriz mineira Grace Passô num elenco que conta ainda com Camila Márdila e Dandara Pagu, o filme acompanha trio de irmãs, filhas do mesmo pai, mas mães diferentes, que se veem obrigadas a morar juntas durante um dos momentos mais intensos da pandemia, em março de 2021. Da convivência, surgem discussões, um frango espatifado no chão da cozinha e também uma idéia inusitada, um plano improvável e a possibilidade de salvar o país.

Anna explica que filmou no auge da pandemia, mas hoje, o curta tem outro sentido. “A história e o final do filme apontam para uma libertação que na época eram distantes e controversas, mas hoje, como sabemos que a página da história já virou, creio que o filme será percebido da melhor forma possível.”

Com uma filmografia que inclui longas como “Que horas ela volta?” e “Durval Discos”, que acabou de completar 20 anos, a cineasta volta ao formato de curta-metragem, com o qual começou sua carreira com “Rock Paulista” (1988) e “A Origem dos Bebês segundo Kiki Cavalcanti” (1996).

 “A gente queria dar algum tipo de resposta àquele caos sanitário, politico, econômico e ambiental em que estávamos vivendo e o formato do curta metragem foi o único possível. Eu amei voltar a fazer uma narrativa curtinha com poucas diárias de filmagem.”

Para "O Nosso Pai", Anna contou com uma equipe com a qual nunca tinha trabalhado antes , que trazia profissionais como a fotógrafa Wilssa Esser  (“Temporada”), a montadora Marina Kosa e a técnica de som Marina Bruno, além de trabalhar pela primeira vez com a atriz Grace Passô – “que considero uma gênia” –  e convidar a influencer Dandara Pagu para fazer seu primeiro papel como atriz. “Foi uma oportunidade de ampliar meus horizontes e também foi uma alegria.”

E esse foi realmente um trabalho coletivo, uma conjunção de talentos e ideias, tanto que todas e todos recebem também crédito de produção. Além disso, o trio de atrizes também colaborou no roteiro. “Havia uma história, uma estrutura, mas em vez de escrever os diálogos nós fizemos vários ensaios on-line no quais juntas definimos as personalidades de cada personagem, inclusive as atrizes escolheram os nomes das suas personagens, sexualidade, figurino, de modo que, seguindo uma estrutura narrativa e uma direção, cada uma fez seu próprio texto e desenvolveu suas próprias ideias como quiseram.”

Uma das questões centrais a "O Nosso Pai" é a relação entre a vida e a arte, inclusive num momento de explícita metalinguagem, quando a personagem de Grace Passô  quebra a quarta parede, mandando um recado direto pra o espectador. “Vivemos num mundo concreto, mas cada vez mais o poder do imaginário ganha capacidade de transformar essa realidade, tanto através da arte como também das fake news.  Sabemos que alguns filmes ou obras acabam tendo capacidade de transformar a mente de quem assiste e isso acaba, a médio ou longo prazo – mudando o mundo, afinal somos nós quem fazemos nosso mundo, nossas regras! E eu acredito muito que a cada nova imagem potente que produzimos abrimos uma porta para um futuro diferente.”

“Então ter feito esse filme, foi naquele momento a única forma que encontramos de enfrentar uma terrível sensação de impotência através da potência do cinema e dos encontros que o cinema proporciona”.

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