CINEMA

Com Dira Paes no papel principal, 'Pureza' estampa a jornada de uma heroína no norte do país

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/05/2022 às 15:27.
Atualizado em 16/05/2022 às 16:12
Dira Paes vive uma trabalhadora rural que sai em busca do paradeiro do filho (Downtown Filmes/Divulgação)

Dira Paes vive uma trabalhadora rural que sai em busca do paradeiro do filho (Downtown Filmes/Divulgação)

“Pureza” tem uma carga de denúncia muito forte, ao abordar um caso real sobre trabalho escravo, cujos números vêm aumentando nos últimos anos. Mas chama a atenção a contagiante mistura de ação e suspense, definida pelo diretor Renato Barbieri como “faroeste amazônico”.

Em cartaz a partir desta quinta-feira (19) nos cinemas, o filme protagonizado por Dira Paes se constrói sobre uma improvável heroína, uma trabalhadora rural evangélica maranhense que luta contra tudo e todos para encontrar o paradeiro do filho em meio a “coronéis” poderosos.

“Ela tem um objetivo claro, que é achar o filho. No meio dessa caminhada, ela deflagra uma situação em que se torna abolicionista. Pureza não queria este título, mas não consegue virar as costas para aquelas outras realidades, ajudando milhares de pessoas”, registra a intérprete.

Dira afirma ter muita satisfação em dar visibilidade à história “dessa mulher, evangélica, como muitas brasileiras hoje em dia, que carrega a trajetória da heroína, também como muitas mulheres que são responsáveis pela estrutura de uma família inteira, e que faz bem não só para si”.

O longa-metragem de Barbieri evidencia, segundo a atriz, uma mulher que “consegue fazer um bem social que estava acima de suas pretensões e expectativas”. Dira está em praticamente todas as cenas de “Pureza”, com as situações passando pela perspectiva da personagem.

“Eu me sinto muito privilegiada de ter encontrado um personagem que dialogasse com as duas coisas que mais amo na vida: cinema e os direitos humanos. Meu lado cidadã me levou a ser uma ativista dos direitos humanos desde os 13 anos. (O lado) Atriz veio depois”, assinala.

A atuação de Dira é um dos pontos altos do filme, desenvolvendo sua Pureza especialmente pela postura corporal, menos expansiva. “Tentei trazer uma anulação do ego cotidiano feminino, que está na maneira de mexermos o cabelo e de sentarmos, por exemplo”, revela.

Nascida na região Norte, em Abaetetuba (Pará), Dira conta que, na pré-produção, se perguntava sobre como Pureza teria sobrevivido a um meio predominantemente machista. “Eu cheguei insistentemente a perguntá-la se tinha sofrido alguma violência e ela me falou que nunca conseguiram”.

Uma das explicações, levada para uma das cenas do filme, é de que todos os homens com quem conviveu viraram a família dela. “Então eu percebi ali, quando fui à casa dela em Bacabal, que ela tinha uma capa de proteção, um comportamento que não tinha gênero”, destaca.

“Pureza não tinha nem o feminino nem o masculino. Era, sobretudo, como (o filósofo Friedrich) Nietzsche humano, demasiadamente humano”, descreve. A dor da realidade, sublinha a atriz, está presente, muito fidedigna à história de Pureza, mas sem deixar de oferecer bom entretenimento. 

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