Com oficinas e mostra de filmes, circuito fomenta o audiovisual na periferia

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
27/08/2018 às 14:23.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:08
 (Reprodução/Oxum - Denis Leroy)

(Reprodução/Oxum - Denis Leroy)

“Existe um mito de que a periferia não faz cinema, mas isso é uma grande bobagem, ela faz há muito tempo”, diz o diretor Helder Quiroga. Prova disso é o projeto “Circuito Cinematográfico de Periferia – A Quebrada Faz Cinema”. Organizado pela ONG Contato, da qual Quiroga é coordenador, a iniciativa fomenta não só a produção audiovisual em comunidades de Belo Horizonte e de Contagem, mas também programa uma mostra de cinema com produções do cenário independente mineiro.

Ocupando a Barragem Santa Lúcia, o Aglomerado da Serra, Venda Nova, o bairro Alto Vera Cruz, a região do Barreiro e o bairro Arturos, em Contagem, o circuito acontece pela primeira vez. “É uma iniciativa pioneira, queremos gerar um fluxo mais contínuo entre o morro e o asfalto usando o audiovisual como elemento de combate das desigualdades e criar uma rede mais humana para a produção de Belo Horizonte” pontua.

Para Quiroga, o circuito é também uma forma de promover a formação de um público para o cinema mineiro. Não por acaso, apenas uma das produções não é dirigida por um mineiro, mas, apesar disso, tem uma ligação inegável com a capital: “22”, do baiano Diego Lisboa, filme que abriu a mostra, foi uma produção realizada em BH “É um filme que trata desse olhar de um cineasta de fora sobre o cotidiano da cidade”, sublinha.

Além de “22”, o diretor destaca outras produções que compõem o programa da mostra, dentre elas a animação “Vênus– Filó, a Fadinha Lésbica”, de Sávio Leite, e o filme “Baronesa”, de Juliana Antunes. Este último, uma escolha dos jovens do Aglomerado da Serra. “Eles queriam que ‘Baronesa’ fosse exibido, então eles mesmos fizeram a ponte e o contato com a Juliana Antunes”, conta Quiroga.

Não foi apenas na escolha deste filme que a comunidade participou ativamente do Circuito. “Todo o processo de curadoria do circuito foi feito em uma ação colaborativa entre coletivos, lideranças e jovens dessas comunidades. Todos os filmes e abordagens das oficinas foram determinados por eles”, explica o coordenador.

Quiroga ainda destaca a pluralidade do evento. “Pegamos uma gama bem diversa do que tem sido a produção independente mineira. Tentamos contemplar vários lugares, desde filmes e documentários até animações”.Fernando Libânio/Divulgação

PRODUÇÃO – Oficinas de documentário e videoclipe também fizeram parte da programação

 Futuro

Fomentando a produção audiovisual nas comunidades com oficinas de documentário e videoclipe, o Circuito Cinematográfico de Periferia ainda tem outros desdobramentos ao longo do ano. Todas as produções feitas durante as oficinas serão exibidas ainda em 2018 – a previsão é de que sejam lançadas no mês de novembro.

Além da estreia, a Contato ainda prepara outra surpresa. “Estamos programando o lançamento da primeira revista sobre cinema de Belo Horizonte. Uma publicação voltada à critica e ao cenário de mercado do cinema mineiro”, adianta.

Serviço: Mostra de cinema do “Circuito Cinematográfico de Periferia”, até domingo, em várias comunidades de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Entrada Gratuita. Veja a programação completa em: facebook.com/ong.contato

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