Criatividade dos músicos na divulgação dos trabalhos agita o cenário independente

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
10/10/2016 às 09:09.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:10
 (Reprodução)

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Em um mercado competitivo e de recursos escassos, músicos independentes lançam mão da criatividade e desenvolvem projetos para divulgar os próprios trabalhos, atraindo, assim, a atenção do público. Mais do que uma agenda cultural, os festivais, bem como o uso cada vez maior das plataformas digitais como palco, ajudam a movimentar o cenário. O retorno desejado depende de muito suor.

Um dos exemplos é o projeto #2em1 do cantor e multi-instrumentista mineiro Gabriel Elias. O jovem de 22 anos sempre teve a internet como meio de divulgação de sua arte. Somente no YouTube, já são mais de cem mil seguidores. Nesse universo conheceu músicos que também “bombavam” na web.
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#2em1 - Gabriel Elias se apresenta com Ana Gabriela esse mês em projeto de sucesso


Animado com o sucesso on-line, no início do ano Gabriel decidiu se arriscar fora do universo virtual. “Nós temos um público, mas os produtores ainda tem certa resistência em nos contratar para show. Decidi fazer com as próprias pernas”, conta o moço, que convida um artista de outro estado para uma dobradinha nos palcos. O resultado? Sucesso total. No próximo dia 23 ele se apresenta ao lado da cantora paulista Ana Gabriela no teatro do Cine Brasil, em duas sessões, com ingressos esgotados bem antes da data.

“É um público compatível. Como a internet é uma teia, quem me vê ao lado dela (Ana Gabriela) acaba conhecendo o meu trabalho e vice-versa. Dessa forma, a música chega em mais lugares”, acredita.



Recentemente, os músicos Iris Ramadas e Kadu Vianna lançaram o projeto autoral “Iris e Kadu”. O duo tem disponibilizado nas redes sociais alguns vídeos com versões em voz e violão de algumas músicas conhecidas do grande público, como “Não Precisa Mudar”, de Saulo Fernandes.

É um aperitivo para o lançamento de um EP com canções autorais. A formação de um duo abrange um público maior. “Não só pelo fato de agregar os admiradores do trabalho de cada um paralelamente, como pelo fato de ser um formato pouco (ou nada) explorado na música pop brasileira”, considera Iris, que diz ter poucos duos no formato homem/mulher no Brasil. “Essa novidade desperta a curiosidade dos ouvintes”, acredita.



Com uma série gravada no celular – sem cortes e sem edição – e divulgada no Facebook, a cantora Verônica Ferriani se aproximou ainda mais do público e acabou conquistando outros fãs. Trata-se do “Diário de viagem” que a artista fez enquanto esteve na Europa para estudar e compor.
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VERÔNICA FERRIANI - Cantora e compositora soltou a voz em vários lugares do mundo e o resultado virou um diário de viagem

De Barcelona, na Espanha, ela viajou pelos arredores em busca de inspiração. Em cada lugar onde esteve decidiu registrar em vídeo uma canção, sem acompanhamentos ou efeitos de som. Tudo ao natural.

A canção “La Vie en Rose” inaugurou a série e foi gravada às margens do Rio Sena, em Paris. A produção – já foram oito vídeos divulgados – viralizou. O retorno tem sido positivo. 

“Estou mais próxima do público que já me acompanha e a série chegou a outras pessoas, pelos compartilhamentos na internet”, comemora.

"Nada foi planejado. Aconteceu de forma espontânea e acabou dando certo" Verônica Ferriani, cantora e compositora


Para a artista, o motivo de a série atrair olhares é a forma natural como foi feita. “Passam verdade (os vídeos). Gravei uma pessoa inspirada pelos lugares e não a cantora”, acredita. 



Para rodar algumas capitais do Brasil com o show “Acústico-Sucateiro”, a banda gaúcha Apanhador Só decidiu apostar em pequenas apresentações em locais públicos das cidades por onde passaram. A estratégia era chamar o público para o show e mostrar as canções gravadas com utensílios domésticos, brinquedos e alguns instrumentos musicais. Deu certo. Em todos os shows, casa cheia. Em Belo Horizonte, a banda esteve nas Praça do Papa e da Liberdade para divulgar o som.
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APANHADOR SÓ - Banda gaúcha fez uma breve apresentação na Praça do Papa para divulgar o show que faria na cidade

Já a banda Constantina partiu para o audiovisual. Os integrantes convidaram sete artistas, entre cineastas e videomakers de diversas partes do país, para remixar as músicas do álbum “Mexido”.

Essa brincadeira resultou inicialmente em sete vídeos apresentados em sequência no YouTube. Agora virou filme de média-metragem que tem sido exibido em espaços públicos, como a praça de Santa Tereza, em BH. 

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