Curta-metragem ‘Quintal’ leva mineiro ao Festival de Cannes pela segunda vez

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
22/04/2015 às 08:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:43
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Em 67 anos de história, vários diretores mineiros passaram pelo lendário tapete vermelho do Festival de Cannes, o mais glamouroso do calendário cinematográfico mundial, mas André Novais será o primeiro a repetir esse feito, com a exibição do curta-metragem “Quintal”, ainda inédito, na mostra paralela Quinzena dos Realizadores.

É a mesma seção em que André apresentou “Pouco Mais de um Mês”, ganhador de uma menção especial do júri no certame francês, em 2013. Competir, pela segunda vez, num dos templos do cinema é uma situação que há seis anos, quando criou, em Contagem, a produtora Filmes de Plástico com mais três amigos, jamais passaria pela sua cabeça.

Tudo em família

“Não esperava que tão cedo seria selecionado para a Quinzena de novo, que é um espaço muito especial. Muitos realizadores importantes passaram por ali”, exulta o diretor, poucas horas depois do anúncio oficial dos concorrentes. Ele já sabia da seleção de “Quintal” desde a última semana, mas, a pedido da organização, só compartilhou com a equipe e com a família.

Equipe e família, no caso desse filme, são quase uma coisa só, já que os protagonistas do curta são seus pais, Norberto e Maria José. Atrás das câmeras, estão velhos amigos que sempre frequentaram a casa de André, no bairro Amazonas, em Contagem. Esse lado “tudo em família” é determinante em sua filmografia.

Em “Pouco Mais de um Mês”, ele dividia a cena com a namorada Élida Silpe. Já no seu longa de estreia, “Ela Volta na Quinta”, exibido no Festival de Brasília do ano passado, ele ganhou a companhia do irmão e dos pais. “Eles trabalharam tão bem nesse filme que resolvi botá-los novamente em cena”, explica.

Realismo fantástico

Há elementos biográficos em vários deles, mas nenhum pode ser chamado de documentário. Especialmente “Quintal”, que recorre ao realismo fantástico. “Tirando o elenco e as locações, não há nenhuma relação desse trabalho com os outros”, salienta André, que adota um discurso misterioso sobre a história. “É para não estragar a surpresa”, desculpa-se.

André registra que a escalação da família nada tem a ver com o orçamento apertado de seus trabalhos, sempre feitos com poucos recursos. “É uma questão de gosto. Não quer dizer que não virei a trabalhar com atores profissionais, mas tenho usado mais amadores, que, coincidentemente, acabaram sendo meus pais”.

Capital do cinema

Orgulhoso com o desempenho de Norberto e Maria José, André não vê a hora de apresentar o mais novo filme ao lado dos pais, no cinema do hotel Marriott, espaço reservado aos filmes da Quinzena dos Realizadores, localizado no mesmo Boulevard de la Croisette do Palais des Festivals, sede da disputa da Palma de Ouro.

“Quintal” foi realizado com o patrocínio do 1º Prêmio BDMG Cultural–FCS de Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento e rodado em apenas cinco dias, em agosto passado, em Contagem – hoje a capital de Minas no cinema, principalmente se levarmos em conta as premiações. São de lá “A Vizinhança do Tigre”, vencedor da Mostra de Tiradentes de 2014, e outras produções da Filmes de Plástico, assinadas por Gabriel Martins e Maurílio Martins.

Além da exibição de “Quintal” no Festival de Cannes, que acontece entre 14 e 24 de maio, André Novais lançará nos próximos meses, em circuito comercial, o longa-metragem “Ela Volta na Quinta”, com distribuição da Vitrine.

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