'Divertida Mente' é mais um passo certeiro na brilhante trajetória da Pixar

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
18/06/2015 às 10:45.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:32
 (Divulgação)

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Uma das principais estreias de hoje nos cinemas, "Divertida Mente"  é uma versão psicanalítica e não menos divertida de "Toy Story". Produzido pelo mesmo estúdio - a Pixar - que lançou a primeira animação completamente digital, há exatos 30 anos, o filme leva as aventuras dos brinquedos Woody e Buzz Lightyear para o cérebro de uma criança.   Entre as semelhanças está a criação de um universo completamente invisível aos humanos, mas que é dependente deles, recriando, numa escala menor, o mesmo estilo de vida, com seus conflitos e objetivos. Assim como os brinquedos têm um propósito de entreter seus donos, os cinco sentimentos da garota Riley também estão a serviço dos homens.   Possuem uma relação de interdependência e, apesar de os humanos não perceberem sua importância, os pequenos seres estão por trás das principais memórias deles. No caso de "Divertida Mente", de forma literal, transformando o cérebro numa sala de controle em que comandam as suas principais ações.   Os roteiristas escolheram cinco sentimentos - Alegria, Tristeza, Raiva, Nojo e Medo - que, segundo eles, resumem os primeiros 14 anos de vida. É interessante observar que o cérebro é formando primeiramente pela Alegria, como se o filme adotasse uma mensagem positiva de que a felicidade é algo inerente ao homem.   E é essa abordagem que prevalecerá em toda a narrativa, com a Alegria se tornando a protagonista, tentando remediar todos os problemas enquanto seus companheiros de trabalho quase colocam tudo a perder. E é numa dessas tentativas de poupar Riley de sentimentos ruins que a Alegria acaba se perdendo dentro do cérebro.   Como na trama do caubói Woody e seus amigos, no "Toy Story" original, Alegria viverá uma grande jornada para retornar ao seu ambiente. Será a oportunidade para conhecermos um mundo fantástico, fazendo jus ao titulo na maneira como se aproxima do funcionamento real de um cérebro, como sonhos, subconsciente e esquecimento.    Como em várias em animações infantis, "Divertida Mente" mergulha num dos órgãos mais complexos do ser humano buscando organizá-lo a partir de uma conhecida ordem social, a partir do trabalho. Todos os personagens têm uma função nesse lugar, fazendo do cérebro uma grande fábrica com seus vários estágios de produção.   E a Alegria, ao lado da Tristeza, vai passando por cada um deles, como uma etapa a ser vencida para voltar à sala de controle e melhorar os ânimos de Riley, que entra numa fase depressiva, corroborada pela mudança da família para outra cidade. Aliado à entrada da puberdade, o novo endereço se torna um elemento de desgaste emocional.   Com essa abordagem lúdica, a animação reproduz algumas das situações que levam, por exemplo, a um quadro de depressão, sem estigmatizar ou minimizar a doença. E uma prova disso está na maneira como a Tristeza  ganha relevância na narrativa, culminando com uma excepcional sequência em que suas ações se mostram fundamentais para a maturidade de Riley.   Quando a Pixar parecia já ter esgotado todo o seu arsenal de inventividade e ousadia no campo da animação, "Divertida Mente" é mais um passo certeiro em sua brilhante trajetória, apresentando questões psicanalíticas sem perder a leveza das tramas e a ternura de seus personagens. E entra com peso na disputa pelo titulo de melhor filme lançado pela produtora. 

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