Dívida faz museu onde morou Santos Dumont fechar as portas na Zona da Mata

Rosiane Cunha
14/01/2019 às 19:41.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:02
 (Fundação Casa de Cabangu/Divulgação)

(Fundação Casa de Cabangu/Divulgação)

O Museu de Cabangu, que homenageia Santos Dumont, na cidade de mesmo nome na Zona da Mata mineira, fechou as portas nesta segunda-feira (14), após ter exibido por 70 anos um importante acervo do "pai da aviação". São cartas, fotografias, documentos, roupas e móveis.

“Isso maltrata a gente, porque foi meu pai que fez esse museu. Que tristeza fechar as portas”, contou emocionada Mônica Castello Branco, coordenadora do espaço há 26 anos.  O motivo desse duro golpe contra a Cultura é uma dívida de encargos trabalhistas de aproximadamente R$ 140 mil, além de juros. 

O Museu era mantido exclusivamente com uma subvenção da Prefeitura de Santos Dumont, que deixou de repassar os R$ 12 mil mensais há um ano.

Ainda segundo Mônica, os débitos levaram à inscrição do CNPJ no cadastro de devedores e a fundação nem mesmo consegue as certidões negativas para se beneficiar da Lei Rouanet de incentivo à cultura, por exemplo. “Nós poderíamos recorrer a empresas para conseguir o dinheiro e manter o espaço aberto, mas nem isso a gente consegue”.

Na cidade, de cerca de 46 mil habitantes, a situação do museu causou tristeza. "É uma atração turística da cidade, o povo tentou ajudar, mas a dívida é muita grande. Os moradores estão sofridos. Na hora de fechar no domingo, muitos moradores estiveram aqui para dar apoio”, contou Mônica.

O museu recebe em média 2 mil visitantes por mês. A casa onde Alberto Santos Dumont nasceu funciona como museu desde 1973, ano do centenário do inventor, e é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). 

São fotografias, documentos e objetos que pertenceram a Santos Dumont e que começaram a ser reunidos por ele mesmo em 1920 e, posteriormente, familiares e amigos fizeram doações importantes que hoje compõem o acervo.

Entre os objetos, o antigo chapéu panamá, uma das marcas registradas de Santos Dumont, fotos de suas aeronaves, móveis como uma cama usada por ele, louças e talheres, além de uma réplica do 14 Bis e, ainda, um avião T 23 Uirapuru da Força Aérea Brasileira. O acervo conta também com dois bustos de Dumont, que ele próprio esculpiu.

O imóvel que abriga o museu pertence à prefeitura, mas os cuidados e manutenção foram assumidos pela Fundação Casa de Cabangu.  A Aeronáutica cuida da segurança do museu e da área externa e, mesmo com o fechamento à visitação, manterá esse serviço 24 horas para proteger o acervo.  Além disso, Mônica contou que ela e mais dois funcionários vão cuidar para que o acervo fique preservado.

“Eu ainda acredito num fechamento temporário e com o tempo a gente consiga o apoio do Estado. A esperança num governo melhor que possa nos ajudar é muito grande”.

Mesmo com o encerramento das atividades museológicas, o parque ecológico, que está sob a guarda da Aeronáutica e possui como atrativos várias réplicas de aviões em uma área de 365 metros quadrados, continua funcionando.

A reportagem do Hoje em Dia entrou em contato e aguarda uma posição da Prefeitura de Santos Dumont.

A Fundação Casa de Cabangu chegou a fazer campanhas para evitar o fechamento do museu. Assita ao vídeo: 

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