
Livros, discos, uma obra de arte, um punhado de mangas e até abraço. Tudo de graça. A graça disso foi vista por alguns coletivos e grupos de internautas de BH. Nos próximos dias, eles se mobilizam para o “Ponto do Livro BH” (em funcionamento em pontos de ônibus da Praça da Liberdade), a “6ª Feira Grátis da Gratidão” (neste domingo, às 13h, na Praça da Liberdade) e o “Abraço Grátis” (dia 15, às 10h, na Praça 7).
Gerado em São Paulo, o “Ponto do Livro” propõe a instalação de grades plásticas em pontos de ônibus para compartilhamento de livros. Você, que tem um livro em casa, já foi saboreado e não vai fazer falta? Leve para lá. Deixe em um dos compartimentos e, como recompensa, pegue um outro que estiver ao lado.
Além de incentivar a leitura, a ideia promove também o desapego. Claro, fez sucesso. É por isso que três coletivos de Belo Horizonte, capitaneados pelo We S2, uniram-se para trazer a proposta para a capital.
Lançado há pouco mais de uma semana, até agora, o projeto intercedeu no compartilhamento de pelo menos 800 livros. “Não tem venda. É tudo por amor. É compartilhamento”, explica um dos organizadores, o empreendedor em Marketing, Pedro Ivo Dias.
O lema é o seguinte: “leve, leia, traga, doe”. “Roubar? Está lá é para ser levado mesmo. Pode pegar que é de todo mundo. Mas devolva, porque é de todo mundo também”.
Irmã de filosofia
Filosofia semelhante tem a “Feira Grátis da Gratidão”, neste ano organizada pelo coletivo “Menestréis e Errantes”, e que tem parceria do “Ponto do Livro”.
O objetivo do evento é promover a oportunidade para que os participantes doem objetos que não utilizam ou que serão mais úteis para outras pessoas. Não tem barraca, apenas um pano no chão e o que você trouxer para compartilhar. Quer participar? Então assuma por doutrina a resposta para a velha pergunta do universo do desapego: “Será que outra pessoa pode precisar disso mais do que eu?”. “Tudo na vida é emprestado. A escassez, para muitas pessoas, é uma ilusão”, aponta Alcione Kolanscki, uma das participantes do evento desde a primeira edição.
Mas que objetos levar? Roupas, CDs, brinquedos, livros também. “Já vi levarem até um punhado de mangas maduras ou uma bolsa cara de grife”, lembra Alcione. Segundo ela, a feira chega a reunir 20 mil pessoas.
Na inusitada feira, sem notas, moedas ou cartão de crédito, coisas não materiais também são bem-vindas: dança, música, poesias, massagem, cafuné e carinhos...
Abraços também serão doados a quem passar pela Praça 7, no dia 15. Na segunda edição do “Abraço Grátis”, a auxiliar administrativo Lorraina Mara comanda um grupo de dezenas de “abraçadores voluntários”. “Começou no ano passado com um grupo de ouvintes da Rádio 98. Neste ano, vamos repetir”, explica.