TEATRO

Em peça, mulheres tecem conversas íntimas sobre casamento, família, sonhos, perdas e conquistas

Da Redação
26/04/2022 às 13:03.
Atualizado em 26/04/2022 às 13:38
Projeto aborda temas universais a partir do universo feminino e explora o teatro como um espaço de produção de saúde (Renato Mangolin/Divulgação)

Projeto aborda temas universais a partir do universo feminino e explora o teatro como um espaço de produção de saúde (Renato Mangolin/Divulgação)

Com texto e direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt, “Bordados”, novo projeto do Amok Teatro, aborda um encontro entre mulheres árabes, ao longo de uma sessão de chá. Em torno da bebida, elas desenrolam os fios das suas histórias, tecendo conversas íntimas sobre casamentos, família, revelando sonhos, perdas e conquistas. Nesse encontro, um tema predomina: o amor. 

Após estreia no Rio de Janeiro, o espetáculo segue para temporada em Belo Horizonte, onde ficará em cartaz de quinta (28) a 30 de maio, sempre de quinta a segunda, às 19h, no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH). A sessão do dia 12 de maio terá tradução em Libras e as apresentações dos dias 14 e 23 de maio serão seguidas de bate-papo. Os ingressos custam R$ 30 (R$ 15, a meia). Vendas na bilheteria do teatro ou pelo site www.bb.com.br/cultura

“Bordados” integra a segunda etapa do “Ciclo das Mulheres”, projeto em que o Amok Teatro aborda temas universais a partir do universo feminino e explora o teatro como um espaço de produção de saúde. “O projeto ‘Ciclo de Mulheres’ traz questões universais, pelo ponto de vista feminino, e explora o teatro como um espaço de produção de saúde, no sentido relacional. Falamos sobre a vida, a morte, a solidão, o amor, a partir das relações de intimidade, de dentro das casas. Como campo de pesquisa cênica, o que nos interessa é abordar o teatro como um espaço de aproximação e de experiência da alteridade. E ‘Bordados’ restaura práticas humanas simples como o diálogo, a escuta e o acolhimento”, explica a diretora Ana Teixeira.

O texto do espetáculo é uma costura de relatos reais recolhidos entre as centenas de entrevistas reunidas no documentário ”7 Bilhões de Outros”, do francês Yann Arthus-Bertrand. “A inspiração para a montagem foi o romance gráfico da Marjane Satrapi, mas rapidamente decidimos partir para uma criação e mergulhamos na tradição do chá árabe. Nós nos referenciamos, então, no documentário do Yann Arthus-Bertrand. O realizador francês percorreu o mundo entrevistando pessoas para tentar responder à questão: ‘o que nos torna humanos?’ Do documentário, selecionamos relatos sobre amor, felicidade, sentido da vida e morte, e a partir deles desenvolvemos personagens capazes de encarar memórias que essas mulheres vão bordando. Desse modo, colocamos com o teatro a mesma pergunta lançada pelo documentarista: ‘o que nos torna humanos?’, porém, a partir do ponto de vista e da experiência das mulheres”, comenta Ana Teixeira.

Acolhedor e com uma linguagem delicada e feminina, “Bordados” traz histórias que refletem os desafios de amar e viver em uma sociedade marcada pela tensão entre tradição e modernidade. “São histórias que, embora tragam a realidade de uma outra cultura, parecem tão próximas e nos convidam a refletir sobre a vida, o amor e a liberdade. Falar da mulher dentro do contexto árabe, e particularmente do mundo árabe islâmico, nos permite abordar situações universais do feminino”, diz a diretora.

O aroma de hortelã e chá verde perfumam todo o teatro, e mulheres da plateia são convidadas a assistirem ao espetáculo sentadas em cadeiras ao redor de mesas posicionadas na frente palco. “O chá na cultura árabe é o símbolo da hospitalidade, por isso levar essas mulheres para próximo da cena é uma forma das atrizes acolherem o público feminino durante a montagem”, explica Ana Teixeira.

A diretora completa que “Bordados” convida o público a refletir sobre a importância do encontro, da presença, do diálogo olho no olho, da atenção e do afeto. “A necessidade que temos de nos comunicar olhando nos olhos vem sendo diluída pelo uso excessivo das novas tecnologias. Nos privamos, assim, de perceber as emoções que afloram quando conversamos frente a frente, em tempo real. Daí a crise de empatia que vivemos hoje. Conversar é um ato político e um ato de afeto, antídoto contra a solidão e contra a (o)pressão da vida moderna.”

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