Em preto e branco, 'Vírus Tropical' é assinada por Power Paola

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
20/09/2015 às 07:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:48
 (Nemo/Divulgação)

(Nemo/Divulgação)

Existem vidas pontuadas por acontecimentos extraordinários – e outras tantas, milhares, perpassadas por eventos que se limitam ao ordinário. A infância e a adolescência da equatoriana Paola pertence ao segundo grupo. O que não as tornam (essas vidas), de forma alguma, destinadas a passar em brancas nuvens.

A premiada quadrinista, que assina artisticamente como “Power Paola”, tem lançado agora, no Brasil, pela Nemo, um dos braços da Editora Autêntica, a graphic novel “Vírus Tropical” (160 páginas, R$ 39,90) – que, aliás, deve ter um desdobramento “pra” lá de interessante no próximo ano, uma animação.

Totalmente em P&B, o traço de Paola – que atualmente contabiliza 38 anos – já instiga desde o título – na verdade, o termo “vírus tropical” foi atribuído por médicos para explicar a barriga proeminente de sua mãe, durante a gravidez da artista.

Explica-se: já mãe de duas garotas, a Senhora Gaviria havia ligado as trompas após a última gravidez.

Ao fim, ante a certeza da gestação, advém a expectativa – nutrida principalmente pelo pai, ex-sacerdote (que ainda realiza missas às escondidas) – de que, agora, finalmente chegue um menino ao núcleo.

ADOLESCÊNCIA

A frustração e a posterior decisão do genitor (Uriel) em deixar a família (não necessariamente por conta de ter tido mais uma menina) faz com que o livro dê ênfase a uma situação não muito singular no mundo: agora, temos em cena uma família constituída apenas por mulheres.

E, claro, os hormônios em ebulição são uma porta de entrada, constantemente destrancada, para que conflitos eclodam daqui e dali. Além da mãe e das três filhas, há, ainda, a figura da funcionária da casa, Chavela, muitas vezes cúmplice das garotas nas aprontações.

A diferença etária entre as irmãs é outra fonte geradora de conflito. Paola, no caso, estabelece um vínculo maior com Patty, a filha do meio. A primogênita, Cláudia, se casa, tem um filho, e acaba mudando de país. Com a chegada à adolescência, problemas comezinhos – como o aparecimento de espinhas ou as primeiras festinhas, bebedeiras e namoricos – são destrinchados em um texto que é permeado por discretas doses de humor.

A família, então, se muda para a Colômbia, e outra realidade se instala, com as diferenças culturais em evidência. Nada que espírito livre de Paola não dê conta de driblar, em aventuras que, mesmo tão banais, ganham, aqui, brilho.

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