ARTES PLÁSTICAS

Exposição no CCBB transforma jogos em objetos de reflexão

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/03/2022 às 11:59.
Atualizado em 29/03/2022 às 14:09
“Xadrez Auto-Criativo”, da dupla Raquel Fukuda e Ricardo Barreto, está entre as 44 obras expostas (CCBB/Divulgação)

“Xadrez Auto-Criativo”, da dupla Raquel Fukuda e Ricardo Barreto, está entre as 44 obras expostas (CCBB/Divulgação)

Quase todo mundo já pulou amarelinha, soltou pipa ou jogou cartas. Muitas dessas brincadeiras que permearam a nossa infância passam a ganhar novos significados a partir desta quarta-feira, com a inauguração da exposição “Playmode” no Centro Cultural Banco do Brasil.

“Os jogos tradicionais têm um poder de comunicação excepcional com o grande público devido à sua popularidade. As obras apresentadas tiram partido destas experiências passadas e memórias, desafiando-nos com reinterpretações”, registra o curador Filipe Pais.

A proposta da mostra – aberta em 2019 em terras lusitanas, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa – é produzir “experiências estéticas que exploram criticamente o mundo contemporâneo que nos envolve”. São 44 obras, dividas em três eixos principais.

“Em outras palavras, os artistas nos propõem brincadeiras e jogos críticos e contemplativos, mas também objetos que não são jogos e que exploram o jogo, a brincadeira, os seus efeitos sociais, psicológicos e até existenciais”, sintetiza o curador.

Pais exemplifica essa recontextualização com o projeto Surveillance Chess do Meddiengruppe Bitnik. “(A obra) explora num gesto subversivo: a câmera de vigilância no metrô de Londres é hackeada e através dela é proposta uma partida de xadrez, jogado entre o operador e artistas.

Outro exemplo presente na exposição é o trabalho de Mary Flanagan, “que propõe aos visitantes que joguem uma versão de amarelinha em que os algarismos são substituídos por nomes de localidades relacionadas com atrocidades de guerra cometidas pelos Estados Unidos”.

O carro-chefe, de acordo com Filipe Pais, é o segundo eixo, “uma espécie de arcade” em que o público participa ativamente. Destaque para a obra digital “Everything”, criação de David O’Reilly apresentada em 2017 e candidatíssima à maior estrela da mostra portuguesa.

“Everything” é um game de simulação em que um jogador pode explorar diferentes criaturas e objetos, adquirindo paisagens e planetas, enquanto tem acesso a citações narradas pelo filósofo Alan Watts, conhecido por popularizar reflexões de pensadores clássicos e modernos.

O futebol, claro, não poderia ficar de fora. Três obras brasileiras exploram o esporte número um do país, mas com abordagem crítica. Jaime Lauriano enxerga um instrumento de propaganda política, ligado a regimes repressivos dos anos de 1970. Já Nelson Leirner vislumbra seu poder agregador.

SERVIÇO“Playmode” – De quarta a 6 de junho, no CCBB (Praça da Liberdade, 45). De quarta a segunda, de 10h às 22h. Ingressos pelo site.

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