
Trazendo personagens típicos do imaginário social, como o lampião, o delegado e o diabo, o mamulengo compila a história de um povo. “Há figuras que são comuns em todos os ‘brinquedos’ e cada mamulengueiro as representam de uma forma. Por isso, as pessoas vão poder identificar esses personagens segundo a visão de vários artistas”, destaca o produtor da mostra Rai Bento, ao dizer que esse é um dos únicos gêneros de teatro “genuinamente brasileiro”.
Comumente com um texto improvisado, a comédia é um dos principais recursos do mamulengo. Contudo, apesar de provocar risadas, muitas vezes, por traz há um conteúdo político-social. “Dizem que, antigamente, o mamulengo, no interior, era como uma TV e um segundo rádio. Então, quando as pessoas queriam saber das fofocas da cidade – como a respeito da filha do fulano que se ‘perdeu’ – ou fazer um protesto – já que o boneco ‘reclamava’ do coronel, do delegado, da polícia, da prostituta do local –, iam ver as apresentações”.
"Animação Suspensa”, do grupo The Hubber Marionettes (EUA) abre o Festival às 19h30 e às 21h, no Cine Theatro Brasil (Praça Sete)
De acordo com o produtor, todos os bonecos que serão exibidos – alguns de mais de 100 atrás – já fizeram, um dia, parte de uma “brincadeira”, como ele chama os espetáculos do estilo. “A forma com que as técnicas são usadas se organizam como brinquedo. Principalmente o mamulengo de Pernambuco, traz muitas piadas e ‘causos’. Eles brincam com o consciente cultural”, esclarece.
Além dos bonecos, a exposição conta com áudios de entrevistas feitas por Magda Modesto nas décadas de 70 e 80 com mestres mamulengueiros, e traz ainda os espetáculos “Corsário Inversos”, do grupo Mosaico Cultural, e “Mestres Mamulengueiros”, com Valdeck de Garanhuns, Zé De Vina e Duda da Boneca.
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