CINEMA

Filme argentino em cartaz nos cinemas trilha caminho entre o real e o onírico

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/04/2022 às 15:05.
Atualizado em 29/04/2022 às 15:32
Filme acompanha a história de uma garota que enfrenta dilemas pessoais após chegar a uma cidade extremamente religiosa (Vitrine/Divulgação)

Filme acompanha a história de uma garota que enfrenta dilemas pessoais após chegar a uma cidade extremamente religiosa (Vitrine/Divulgação)

A diretora argentina Agustina San Martin já viajou para vilarejos onde o contexto conservador local a fez sentir medo, atraindo olhares sinistros simplesmente porque estava de mãos dadas com a sua namorada.

“Em lugares onde você não é um estereótipo normalizado de pessoa, você se sente verdadeiramente exposta, insegura. O medo de não ser aceita faz de nossas vidas, muitas vezes, um filme de horror”, registra Agustina.

Com o filme “Como Matar a Besta”, que acaba de estrear no Brasil, ela atrelou o medo real a um universo de fantasia, a partir da história de uma garota que enfrenta dilemas pessoais após chegar a uma cidade extremamente religiosa.

“No gênero de horror, fantasia e mistério, é possível fazer várias alegorias sociais, sendo uma delas o questionamento à imposição da heteronormatividade. É possível falar de coisas sérias usando esses códigos”, destaca.

O fato de a protagonista Emilia (a estreante Tamara Rocca) estar numa cidade fronteiriça é muito significativo. “Gosto muito das misturas, permanecendo no meio de coisas e lugares que não parecem uma coisa nem outra”.

Na trama, essa posição intermediária é vista nas relações entre o real e o imaginário, o animal e o humano e a adolescência e a vida adulta. “Gosto de saber que não existem limites, alimentando espaços onde nada é uma coisa específica, mas um pouquinho de várias coisas”.

A casa onde Emilia se hospeda é próxima a uma floresta onde uma besta supostamente apareceu semanas antes. Como se caçassem bruxas na época da Idade Média, moradores percorrem incansavelmente a localidade.

“Cada região tem seus mitos, alguns deles muito comuns na América Latina, mas cada um com a sua identidade. No filme, fiz uma mistura de muitas identidades e observações”, justifica Agustina.

O cenário de “Como Matar a Besta” fica na Região das Missões, no sul do Brasil e norte da Argentina. A cineasta já tinha rodado três curtas-metragens no lugar – um deles foi “Monstruoso Dios”, premiado no Festival de Cannes de 2019.

“Foi muito interessante mergulhar nas histórias das Missões. Eu não sinto necessariamente que a identidade missioneira que eu retratei é uma coisa muito real. Ela pode ser um pouquinho fantasiosa ou exagerada”, explica.

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