CINEMA

Filme busca descobrir autores de uma intensa correspondência amorosa realizada há 70 anos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojememdia.com.br
11/06/2022 às 08:37.
Atualizado em 11/06/2022 às 09:52
“Espero que esta lhe Encontre e que Estejas Bem” marca a estreia de Natara Ney em longa-metragens (Embaúba/Divulgação)

“Espero que esta lhe Encontre e que Estejas Bem” marca a estreia de Natara Ney em longa-metragens (Embaúba/Divulgação)

O que mais encantou a diretora Natara Ney na história do casal Lúcia e Oswaldo foi a coragem de ambos em acreditarem e batalharem por esse amor enquanto moravam em cidades diferentes, no início da década de 1950.

“As visitas eram escassas e esparsas e ainda assim eles construíram esse canal de afeto, baseado principalmente nas correspondências”, destaca a realizadora, que casualmente encontrou as cartas numa feira de antiguidades do Rio de Janeiro.

O conteúdo das cartas levou um trabalho detetivesco para encontrar seus autores, documentado no filme “Espero que esta lhe Encontre e que Estejas Bem”, em cartaz nos cinemas. O filme marca a estreia de Natara em longa-metragens.

“A gente sente, por meio das cartas, o quanto um confia no outro, o quanto um é parceiro do outro. Esse relato de intimidade é contada nos detalhes, com seus sonhos, desejos e projeções de futuro”, afirma a realizadora pernambucana.

Embora não soubesse, de início, se encontraria o casal, passados 70 anos, o mais importante para ela foi reconstruir os caminhos de afeto. “Estamos descobrindo outras formas de amor. Alguns sentimentos não envelhecem. Eles se transformam”.

Natara Ney compara o amor à água, “encontrando caminhos e germinando em vários lugares”. É ela quem narra o filme, após trocar um texto mais explicativo e impessoal por algo que expusesse os próprios sentimentos.

“Uma vez que eu estava expondo os sentimentos de Lúcia, eu decidi que seria mais correto que eu também expusesse os meus. Uma troca justa. Foi uma decisão difícil, ao imaginar o meu sotaque e as minhas emoções na tela”, confessa.

Seguindo literalmente o caminho apontado pelas cartas, Natara Ney revela que “nunca imaginava o que poderia acontecer”, sem saber que seria possível chegar ao final do filme. “Foi algo totalmente inusitado para nós”, registra.

O documentário se torna, assim, uma espécie de antídoto a um tempo em que exemplos de ódio são constantes. “O filme é uma ilha de afeto, para a gente ter um respiro. Está duro aqui fora e é preciso um pouco de tempo para falar de afeto”.

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